segunda-feira, 22 de abril de 2024

Piteco: HQ "O primeiro descobridor"

Dia 22 de abril é comemorado o Descobrimento do Brasil e, então, mostro uma história em que o Piteco resolve cruzar o oceano sozinho para ver se há outras terras além da Aldeia de Lem, onde ele vivia. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 136' (Ed. Globo, 1998).

Capa de 'Cebolinha Nº 136' (Ed. Globo, 1998)

Bolota procura Piteco, encontra e pergunta o que ele está fazendo com olhão parado para o mar. Piteco fala que que estava pensando o que existe para lá e Bolota responde que só água, água e mais água. Piteco acha que deve ter algo, além de onde a vista alcança, novas terras e povos. Bolota acha que se tivesse, já tinham aparecido, dado sinal de vida e Piteco fala que não, se ficarem que nem eles, só olhando, sem fazer nada.  

Piteco resolve criar uma canoa parecida com a que usam para pescar para tirar a limpo essa questão. Bolota avisa que as ondas vão virar a canoa, ele vai afundar feito pedra, manda ouvir a voz da razão e Piteco nem dá ouvido, pegando machado e derrubando árvore para construir a canoa e Bolota desiste.

Passam-se os dias, um homem sente falta do Piteco e Bolota diz que está no mundo da Lua. Thuga fica desanimada e Ogra conta que agora que o Piteco endoidou, as chances de ela se casar diminuíram mais ainda. Na calada da noite barulhenta, Piteco continua seu projeto até que em uma manhã, finalmente termina de construir a canoa e todos admiram. 

Bolota espera que Piteco tenha caído em si, mesmo que existisse um outro mundo e ele chegasse até lá, poderia encontrar monstros terríveis ou povos inimigos, poderiam descobrir da existência deles e poderiam ir para lá para trucidá-los. Piteco acha que se a humanidade toda pensasse como o Bolota, ficaria para sempre na Idade da Pedra. Todos o ajudam a empurrar a canoa para o mar. Bolota acha que a canoa nem flutua, mas conseguiu. Piteco abastece o barco e estufa as velas e vai a caminho da aventura e da descoberta e todos ficam tristes que vão perdê-lo, até Thuga acha que vai ficar viúva antes de se casar.

Piteco diz que o tempo está bom, quando cai uma tempestade, sofrendo com as ondas do mar dentro do barco. Quando volta o Sol, fica aliviado que o barco resistiu. Em seguida, aparece uma mulher atrás de uma pedra. Piteco tenta salvá-la, falando que não devia nadar tão longe. Logo percebe que ninguém conseguiria nadar tanto assim e descobre que ela era uma "sereiassaura" que queria atacá-lo. Piteco bate na cabeça dela com a clava e em seguida aparece um monstro do mar. Corre dando voltas na canoa que faz com que o monstro dê um nó no pescoço, conseguindo se livrar dele. 

Passam-se os dias, Piteco encontrou nada ainda, a comida que trouxe já acabou, mas pelo menos pode pescar, problema é a água que está acabando e não dá para beber água salgada do mar. Ele se pergunta se Bolota tinha razão, que a viagem foi uma loucura, há dias só vê água e que vai ver não existe mais nada mesmo e vai morrer ali, sedento e sozinho, é o preço a pagar por ser tão atrevido.

Até que encontra uma terra, na verdade, uma ilha, mas comemora assim mesmo chamando a terra de "Pitecolândia". Tinha coqueiro com "cocossauros", come e bebe a água deles. Comenta que gente não tem, mas prova que podem existir outras terras e tem certeza que além dali, existem também outras terras e povos e resolve dormir até voltar para casa na manhã seguinte, recebido por festa por aqueles que já o julgavam perdido. Ninguém acreditou, provas da existência de Pitecolânda ele não tinha, porque cocos e conchinhas não era novidade, mas sua coragem foi reconhecida por todos.


Durante muito tempo, Piteco repetiu a história de sua emocionante aventura e teve façanha de se tornar o primeiro explorador do mundo. Só depois de muitos séculos que tiveram naus capazes de cruzar oceanos de novo e narrador comenta que nada mau seria se ele tivesse chegado só um pouquinho mais para lá, invertendo a História dos descobrimentos e, quem sabe, a nossa própria História.

Legal essa história em que o Piteco quer descobrir se existe outras terras e outros povos além da Aldeia de Lem e resolve fazer um barco para cruzar oceano e descobrir outras terras, mesmo seus amigos achando que encontraria nada e que era uma loucura ir. Ele passa vários sufocos no caminho até encontrar uma ilha bem pequena, mas o suficiente para deduzir que estava certo e há outras terras não exploradas pelo mundo.

Piteco foi para frente do seu tempo, para saírem da Idade da Pedra, alguém teve que ousar como invenções, principalmente a da criação da roda, e com o Piteco foi o primeiro explorador do mundo. Precisou lutar contra a desconfiança dos outros, de acharem loucura o que estava fazendo, enfrentou perigos, tempestade, fome, sede, mas resistiu e conseguiu o seu objetivo. 

Se avistasse mais um pouco além, enquanto estava na ilha, encontraria a Europa, algo mais grandioso e mudaria todo o rumo da humanidade. Ele poderia ter levado alguém junto para provar que a "Pitecolândia" existia de fato, mas ninguém queria ir mesmo se ele convidasse, aí ficou só na palavra dele. Outra possibilidade seria voltar depois lá com alguém, já que viram que dava para voltar para Lem.

História, baseada nas Grandes Navegações, mostrou mensagens de seguir sua intenção, não ligar para opiniões dos outros, não deixar a opinião negativa dos outros que não seria capaz prevalecer suas vontades, não se acomodar e procurar inovações e mudanças para progredir, e ainda teve um lado filosófico de como seria a humanidade se tivessem descoberto novas terras cruzando oceanos desde a Pré-História. 

Nunca foi falado até então onde ficava a aldeia do Piteco, nessa descobrimos que era na América, mas não qual América e país. Sempre imaginamos que Lem da Pré-História era onde depois seria o Brasil por personagens falarem em Português brasileiro. Isso se eles não falavam outro idioma sem ser o Português e deixavam traduzido para gente entender.  É o mesmo que a Turma do Papa-Capim que, por serem índios primitivos, acreditam-se falarem em Tupi-Guarani ou outro idioma indígena e colocam eles falando em Português nas histórias. 

Foi engraçado ver o Piteco dando a mínima para comentários que ele era louco fazer a exploração, a Thuga dizer que vai viúva antes de se casar, Piteco achar que a "sereiassauro" era uma mulher bonita perdida, o monstro dar nó no pescoço ao ficar rodando no barco, Piteco chamar a terra nova de "Pitecolândia" e o coco de "cocossauro". Narrador-observador contando a história sempre deixa legais, no caso seria o roteirista dela. Foi até grande considerando ser de personagem secundário, mas nos gibis a partir de 1996, estavam procurando colocar de vez em quando histórias de secundários maiores para não ter a regra que eles só tinham histórias curtas de até 5 páginas nos gibis. 

Os traços ficaram bons, com uma arte-final mais diferenciada. A Ogra foi desenhada diferente dessa vez com cabelos maiores, mas o normal era ela ser desenhada do jeito normal. Teve os quadrinhos ondulados, recurso que adotaram nas histórias do Piteco a partir de 1996, antes disso tinham enquadramentos retangulares padrão nas histórias dele. 

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Papa-Capim: HQ "Mani"

Hoje é o "Dia dos Índios" e em homenagem mostro uma história em que as indiazinhas criaram um plano infalível para dar uma lição no Papa-Capim que queria ficar dormindo na rede em vez de plantar mandioca junto com elas. Com 5 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 85' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Chico Bento Nº 85' (Ed. Abril, 1985)

O narrador explica que tem a lenda que mandioca vem de Mani, que foi uma indiazinha que se transformou na planta. Papa-Capim e as indiazinhas vão plantar mandioca. Guaíra diz que nem Mani acreditaria que ele foi lá por sempre disse que isso não é trabalho para um brabo guerreiro. Papa-Capim fala que hoje em dia tem certas coisas que o índio tem que abrir a mão. 

Encontram um bom lugar para as mandiocas e Papa-Capim monta rede que carregava entre as árvores. Sapoti reclama, pensando que ele queria ajudá-las e ele fala que quer ver se elas fazem o serviço direito e é muito cansativo, por isso levou a rede. Sapoti diz que se ele não plantar, elas também não vão e ficarão sentadas ali até ele resolver.

Papa-Capim não gosta da greve e acha que a Mani começou assim e depois não teve jeito e virou mandioca. Sapoti tem uma ideia, carregam Papa-Capim para outro lugar enquanto dorme na rede, sem ele perceber, e depois entram em ação, acordando Papa-Capim fingindo que Mani voltou como fantasminha para assombrá-lo. Contam que zombou dela, não quis plantar mandioca e as amigas pagaram pelo erro dele e se transformaram em mandiocas.

Papa-Capim se assusta com as amigas como mandiocas, se desculpa e acha que a da esquerda é Sapoti porque deu um pé mais fraquinho e a da direita seria a Guaíra por ter um arzinho petulante e chora que nunca mais vai comer mandioca. Uma outra índia aparece, dizendo que ele vai adorar os bolinhos que vai fazer com elas. A índia corta a mandioca para fazer farinha e Papa-Capim acha que cortou a Guaíra no meio. Guaíra e Sapoti aparecem e Papa-Capim descobre que elas não viraram mandioca e fica feliz. No final, as índias fazem com que o Papa-Capim plante mandioca sozinho enquanto elas ficam na rede.

História legal em que o Papa-Capim não queria plantar mandioca junto com as amigas Guaíra e Sapoti para ficar na rede enquanto elas plantavam. As indiazinhas não gostaram e fizeram plano infalível de Papa-Capim se convencer que elas se transformaram em mandioca enquanto esperavam ele dormir para dar lição nele. Papa-Capim acredita e se arrepende e depois é ele quem planta sozinho enquanto Guaíra e Sapoti ficavam de boa na rede. 

Mostrou Papa-Capim bem malandro, folgado e preguiçoso, querendo que suas amigas tivessem todo o trabalho árduo, para ele não era um serviço digno para um brabo guerreiro que ele era. Guaíra e Sapoti tinham razão em reclamar, se fosse só para ele ficar olhando, nem precisaria ir com elas então. Eram boas histórias de planos infalíveis feitos por outros personagens sem ser o Cebolinha, não apanhavam no final, mas se davam mal. Até que dessa vez até o plano deu certo para as autoras, quem se deu mal foi o Papa-Capim e bem merecido.

Foi engraçado ver o Papa-Capim na rede esperando que elas plantem e ele ficar só olhando, elas o levarem para outro local com mandioca para fingirem que se transformaram na planta e fazerem voz de que era assombração da Mani que transformou as amigas em mandioca, o Papa-Capim tentando descobrir quem era quem das duas plantas, apontando os defeitos dela e as duas fazendo com que ele plante sozinho como castigo. Interessante Guaíra e Sapoti terem força para carregarem sozinhas o Papa-Capim na rede, difícil de imaginar que eram tão fortes assim e o sono dele tão grande que nem acordou com o movimento

Guaíra e Sapoti e a outra índia só apareceram nessa história. Podiam ter colocado qualquer índio conhecido da Turma do Papa-Capim como Jurema e Cafuné ou só meninos, mas roteirista preferiu duas indiazinhas desconhecidas, provavelmente por causa da lenda da Mani por ter sido indiazinha e também para dar um ar feminista no final como queria. A terceira índia que pegou as plantas no final não foi revelado seu nome, bem que podia ter dado um nome para ela. Os traços ficaram muito bonitos, já com o estilo consagrado que adotaram nos anos 1980, em especial na selva em geral que sempre caprichavam. Teve erro de Guaíra com fundos dos olhos da cor de pele no penúltimo quadrinho da última página.

História foi baseada na lenda da mandioca em que a indiazinha Mani morreu e foi enterrada dentro da oca e através das lágrimas do choro da mãe e da família, depois nasceu um pé de mandioca onde ela foi enterrada e como os índios não conheciam a planta, acharam que Mani se transformou em mandioca. Eles deram nome de Manioca, que depois com a modernidade a planta passou a ser chamada de mandioca.  Esse nome adotado em São Paulo e em outros estados e regiões do Brasil, pode ser chamada de aipim e macaxeira. Aí na história, foi adaptada que Mani virou mandioca de tanto esperar e Guaíra e Sapoti fingem que Mani voltou como assombração e que as transformou em mandiocas por saberem dessa lenda da Mani, que se foi verdade ou não essa origem da mandioca, fica na imaginação de cada um.

Hoje não tem mais histórias mostrando índios primitivos e selvagens e mostrando culturas, crenças e lendas indígenas antigas, inclusive a aldeia da Turma do Papa-Capim é tratada como moderna com eles com roupas morando em casas simples sem ser ocas e já mostraram até eles usando celular. Atualmente é errado chamá-los de índios, agora são povos indígenas e a MSP fez a modernização para adequá-los aos indígenas dos tempos atuais. Também implicariam com o plano delas de fingirem par ao papa-Capim e ele se dar mal no final. Foi republicada depois em 'Almanaque do Chico Bento Nº 30' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Almanaque do Chico Bento Nº 30' (Ed. Globo, 1995)

terça-feira, 16 de abril de 2024

Cebolinha: HQ "O Supercérebro"

Em abril de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "O supercérebro" em que o Cebolinha fica inteligente depois de levar choque de um fio de uma invenção de robô do Franjinha. Com 16 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 88' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Cebolinha Nº 88' (Ed. Globo, 1994)

Cebolinha convida seus amigos para um plano infalível contra a Mônica, inclusive a Magali e o Bidu, e todos recusam. Cebolinha reclama que convidou todo mundo e ninguém topa, faltaria a Mônica, que não aceitaria por motivos óbvios, quando lembra de que faltou convidar o Franjinha, quando estava em frente ao laboratório dele. 

Quando entra no laboratório, Cebolinha vê que o Franjinha estava terminando a sua última invenção, o Robotildo, o supercérebro, para ajudá-lo na lição de casa da escola. Na caixa tinha um disquete com toda informação de 10 enciclopédias, 20 almanaques e a coleção completa do "Sherloque Bolmes". Cebolinha caminha para lembrar Franjinha do plano infalível e enrosca fio descascado da caixa na perna e quando o Franjinha conecta o fio no robô, Cebolinha leva um choque grande e fica tonto. Franjinha pede para ele voltar outra hora porque as invenções podem ser perigosas.

Na rua, Cebolinha passa a falar difícil ao comentar as experiências do Franjinha e percebe que o choque o fez ficar diferente. Agora sabe por que o céu é azul, que respira oxigênio e libera gás carbônico, tudo sobre o sistema solar e de todas as matérias escolares e idiomas a até lorota de cegonhas trazerem os bebês. 

Cebolinha fala frase de "Ser ou não ser, eis a questão" de Shakespeare, em inglês e Cascão acha que ele apanhou da Mônica, não fala coisa com coisa. Cebolinha chama Cascão de fedelho, Cascão diz que o vento nem está soprando a favor e Cebolinha diz que fedelho é rapazola pueril, garoto imberbe. Cascão pergunta se ele engoliu o dicionário. Cebolinha responde  que tem supercérebro e Cascão ri que até hoje ele usou identidade secreta.

Cebolinha se irrita e manda perguntar qualquer coisa. Cascão pergunta com quantos paus fazem uma canoa e Cebolinha responde que para canoa de porte médio, 321 tábuas de peroba braba são suficientes. Cascão acha que está gozando dele e Cebolinha manda consultar enciclopédia se não acredita. Aparece a Magali perguntando o que acontece. Cascão diz que o Cebolinha pensa que é superinteligente. Magali diz que pelo menos desistiu de planos infalíveis contra a Mônica e ele diz que vai ser "sopa no mel" derrotar a dentuça com o seu supercérebro e que pretende consertar as coisas lá, como acabar com a gulodice da Magali e o cheiro desagradável do Cascão, coisas que tanto o incomoda.

Com a Magali, tem a sabedoria oriental que pressionando dedo em uma parte do corpo, inibirá a fome. Ele pressiona o braço dela acima do cotovelo, fazendo com que a Magali perca a fome. Cascão foge e sobe em árvore pensando que o Cebolinha ia dar banho nele, Cebolinha coloca um pozinho com mistura de elementos químicos em uma lata de lixo, fazendo com que ela fique toda limpa e Cascão corre, sem chance do Cebolinha alcançá-lo. Depois, ele resolve acabar com a força da Mônica e corrigir seu jeito de falar porque não fica bem um gênio trocando os erres pelos eles.

Franjinha pergunta para o Cascão se viu o Cebolinha porque descobriu que ele adquiriu todo o conhecimento do Robotildo e em troca o robô está com a inteligência normal do Cebolinha, descobriu depois que o Robotildo sugeriu um plano infalível para tirar dez na prova e ele tirou zero. Cascão fala que o Cebolinha está pirado, quer consertar tudo a todo custo. Franjinha acha que é muito conhecimento para cabeça dele e isso se tornou frio, desencantado, insensível e isso pode piorar. Robotildo sugere criarem um plano infalível contra o Cebolinha, Franjinha põe esparadrapo na boca do robô e vão procurar o Cebolinha.

Enquanto isso, Cebolinha manda Mônica ficar parada e fechar os olhos que logo a donzela terá tudo que merece e Mônica diz que não resiste com o jeito de ele falar. Cebolinha se prepara para jogar uma pedra bem grande em cima da Mônica, comparando que o "Superomão" perde força com pedra de criptonita. Franjinha e Cascão chegam e o seguram. Franjinha coloca fio no cabelo do Cebolinha e recebe choque, transferindo sua inteligência para o Robotildo e ele volta a ter o seu conhecimento normal. 

Magali aparece, voltando com a sua fome grande, e explica que o efeito durou alguns minutos e manda Cebolinha não tocá-la mais. Ele não entende o que aconteceu e vai procurar alguém para participar do plano infalível contra a Mônica. Cascão aceita participar, encosta sem querer na armadilha, fazendo quase a pedra atingir a Mônica, que bate neles, e no final, Cascão fala que o Cebolinha assim é menos perigoso.

História legal com várias reviravoltas em que o Cebolinha fica inteligente depois de levar um choque quando o Franjinha iria transportar o conhecimento da caixa com disquete para o seu robô. Já inteligente, resolve criar planos infalíveis contra a Magali, o Cascão e a Mônica para se livrar do que sempre o incomodou. Franjinha descobre e consegue impedir o Cebolinha praticar seu plano contra a Mônica e ele volta ao normal.

A inteligência subiu a cabeça do Cebolinha e se tornou malvado, se usasse a inteligência para o bem, seria válido, mas só queria chatear seus amigos criando planos contra eles. Ficou tão mal que queria matar a Mônica jogando a pedrona nela, na sua inteligência normal, queria derrotá-la, mas não a ponto de matar. 

Foi engraçado ver o Cebolinha levar choque e depois descobrir que ficou inteligente, Cascão debochar da inteligência do amigo, formas do Cebolinha de tirar fome da Magali só apertando perto do cotovelo dela e tentar limpar o Cascão só com um pó com misturas de elementos químicos e com absurdo de encontrar os ingredientes e preparar em questão de segundos e a Mônica se interessar pelo Cebolinha inteligente e a chamar de donzela. 

Bem divertido também o mistério inicial do narrador-observador perguntando qual motivo o Cebolinha estava convidando seus amigos, que recusavam, se era dinheiro emprestado ou injeção na testa. Já dava para imaginar que era um plano infalível contra a Mônica, curioso o desespero tão grande a ponto de ele convidar as meninas como a Magali e a Denise e até o Bidu, que também recusou. Todos sabem que os planos dão errado e que é loucura participar, só Cebolinha para insistir nisso. 

Cebolinha já estava na fase de criar planos contra o Cascão para lhe dar banho e contra a Magali para tirar a fome dela, além contra a Mônica. Estava bem frequente histórias assim na época, principalmente planos contra a Magali, não era à toa que estava aumentando a frequência dele nos gibis da Magali. De qualquer forma, os planos sempre davam errados só que ele apanhava no final só com planos contra a Mônica.

Além de divertir, tivemos conhecimentos de várias palavras difíceis e informações sobre a cor do céu, sistema respiratório, com quantos paus faz uma canoa etc. Engraçado o Cebolinha dizer que era tudo lorota dos pais dizerem que são as cegonhas que trazem os bebês e a cara que ele fez, as crianças que leram podem ter ficado curiosas de como nascem os bebês depois de ele falar isso. 

As paródias de nomes famosos dessa vez foram "Sherloqui Bolmes" (Sherloque Holmes), e "Superomão" (Super-Homem), bem criativos, sendo que essas paródias eram fixas nos gibis da MSP. Já Shakespeare não teve nome parodiado, só saiu com "L" no lugar do "R" por causa da dislalia do Cebolinha.

Incorreta atualmente por mostrar Cebolinha mau, um vilão com inteligência subindo a cabeça a ponto de até querer matar a Mônica, o choque que ele levou, meninos surrados e com olhos roxos no final, a palavra "gozado", que é proibida nos gibis atuais, ter disquete que é coisa datada. Aliás, incrível um disquete caber tanto conteúdo de enciclopédias, almanaques e coleção completa de livros do "Sherloqui Bolmes" porque tinha pouca capacidade de armazenamento, era a mídia que tinham em computadores na época, hoje altamente datado e mudariam isso em republicação para um pen drive, no mínimo, por não gostarem de coisas datadas em almanaques. Alterariam também o Cebolinha falando errado em pensamentos, já que hoje em dia o colocam pensando certo em pensamentos.

Os traços ficaram muito bonitos e caprichados, típicos dos anos 1990. Tiveram erros do Cebolinha com língua branca no 3° quadrinho da 5ª pagina da história (página 7 do gibi), Franjinha com camisa verde no 2º quadrinho da penúltima página da história, Cascão falar de boca fechada no 4° quadrinho da última página, tipos de erros muito comuns que costumam corrigir em republicações de almanaques novos. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

sábado, 13 de abril de 2024

Mônica: HQ "Viva o outono!"

Estamos no outono no Brasil e, então, mostro uma história em que a Mônica convida os amigos para verem as folhas de outono caírem e cada um deles dá um motivo para não gostarem da estação e não sair com ela. Com 7 páginas, foi história de encerramento de 'Parque da Mônica Nº 67' (Ed. Globo, 1998).

Capa de 'Parque da Mônica Nº 67' (Ed. Globo, 1998)

Escrita por Emerson Abreu, começa com a Mônica em frente à casa da Magali chamando para ver as folhas caírem. Magali não entende e pergunta sair para fazer o quê. Mônica fala que estão no outono, época que as árvores deixam cair as suas folhas, colorindo toda a grama com um lindo tom de laranja e marrom. Magali diz que é para ter cuidado com o que está embaixo das folhas porque o tom de marrom pode não ser aquilo o que ela pensa. Mônica reclama que desse jeito ela tira toda a poesia da estação e Magali responde que ela devia ver como foi poético limpar caca de vira-lata da sandália dela.

Mônica vai embora e resolve chamar o Cebolinha, que está abatido e com termômetro na boca, e Mônica bate nele, pensando que é um ET e é para chamar o "Arquivo Giz" ("Arquivo X") e puxa o cabelo dele. Depois de Cebolinha dizer que é ele, Mônica pergunta se ele morreu. Cebolinha responde que pegou gripe, estava acostumado com o calor do verão e com a mudança de clima após a chegada do outono pegou gripe e não pode sair de casa. Mônica fala que ele está ótimo, parece um ator da novela "Palhação" ("Malhação"). Cebolinha acha que está melhor e tosse bem alto e sem parar em cima dela.

Mônica acha que o Cebolinha é delicadinho por ficar doente no outono e lembra que o Cascão não é delicado como a Magali e o Cebolinha e vai chamá-lo. Mônica pergunta ao Cascão se ele é delicadinho. Cascão diz que de vez em quando, na hora de dormir, tem medo de escuro, mas abraça bem forte a sua minhoca de pelúcia e manda o medo para longe dele. Mônica disfarça, dizendo que acha que isso não é ser delicadinho e o convida para ver as folhas de outono e ele recusa. 

Mônica quer saber por que não, Cascão abre o guarda-chuva e cai uma pancada de chuva em cima da Mônica e para e Cascão responde que é por isso, essas chuvas rápidas agora vem e vão sem dar aviso e prefere não sair de casa. Mônica acha um absurdo, cai outra chuva do nada e para e Cascão fala que é o tal "El Niño".

Depois, Mônica se pergunta o que está acontecendo com a turma, o que veem de errado com o outono, é tão poético ver as folhas caindo, quando todas as folhas da árvore cai em cima dela. Cai chuva forte sem parar dessa vez, Mônica acha que uma chuvinha de vez em quando faz mal nenhum e fica gripada, depois pisa em um cocô no chão e no final pergunta se ainda vai demorar muito para o inverno chegar, acabando seu amor ao outono.

História boa em que a Mônica convida seus amigos para verem as folhas de outono caírem, mas cada um não gosta do outono e não aceita sair com ela. Magali por conta de má lembrança de limpar cocô de passarinho na sandália, Cebolinha por estar gripado e Cascão por causa das chuvas repentinas. No final, Mônica sofre acontecendo tudo com ela o que seus amigos tinham medo (chuva, gripe e pisar em cocô) e passa a odiar o outono, que antes era tão poético para ela. Quem gosta de ver a Mônica se dando mal foi um prato cheio.

Coitada da Mônica que só queria curtir as folhas caírem na companhia de alguém e seus amigos não colaboraram e ainda aconteceu de tudo com ela no final. Foi engraçado os diálogos dela com cada um deles, Magali foi bem realista em que tons marrons caindo do céu podem não ser o que Mônica pensava, ver Mônica espancando e puxando cabelo do Cebolinha achando que era um ET, Cascão bem precavido com a chuva e jogando na cara da Mônica que não ia ver as folhas caindo, absurdo de todas as folhas da árvorecairem ao mesmo temponela e tudo que ela sofreu no final.

Coitado também do Cebolinha  apanhar sem merecer e nem ter aprontado com ela. Fica a dúvida quando o Cebolinha tossiu forte para a Mônica se foi de propósito para ela ir embora ou se realmente ele tinha piorado da gripe e ou ainda ter crise de tosse após o elogio. Teve até o exagero do telhado da casa subir por causa da tosse tão alta. A onomatopeia teria que ser "Cof! Cof!", mas acredito que colocou "Tosse! Tosse!" para mostrar que era mais intenso e mais alto que uma tosse normal. O Cebolinha gripado trocou letras de quase todas as palavras por estar com um som nasal, interessante que deixaram a palavra "cliba" em negrito e as outras relacionadas à gripe, ficaram normais. 

Foram boas as paródias do "Arquivo Giz" (seriado "Arquivo X") e "Palhação" (novela "Malhação"), programas de TV que estavam em alta na época. Sempre foram criativos nas paródias com os famosos. Inclusive, sobre "Arquivo X", tiveram várias histórias próprias parodiando o seriado entre 1997 a 1999, quando estava em alta aqui no Brasil, isso quando não era só citado nas histórias como foi nesta.

A Mônica chamar os amigos de "delicadinhos" após a recusa deles, é o mesmo que falar que são frágeis, frescos e ela ter uma certa homofobia, principalmente na ironia e cara que fez depois do Cascão dizer que têm medo de escuro e dorme agarrado com sua minhoca de pelúcia. História é marcada pelo meme de internet do quadrinho que a Mônica convida o Cascão para ver as folhas e ele responde que não, em que no meme editado colocam a Mônica fazendo uma pergunta qualquer e colocam o Cascão falando palavrão para ela como resposta.

Teve um lado informativo ao Cebolinha dizer que a mudança de clima que fez ficar gripado, não é o frio que causa gripe e, sim, a mudança brusca de temperatura, pessoa estar em um lugar quente e entrar ou sair em local gelado com ar-condicionado forte, ou vice-versa. E também de ter noção sobre o "El Niño", fenômeno meteorológico de aquecimento excessivo da Terra que volta e meia atinge o planeta inteiro. O "El Niño" estava em evidência em 1997, todos passaram a entender o que se tratava, e o roteirista quis incluir como a atualidade da época.

Deu para notar que nesta história todos os personagens estavam mais eufóricos, saltitantes, sarcásticos da mesma forma, discursandoe violentos, espancando sem motivo como deslize deles. Com o Emerson, todos os personagens ficavam assim, por isso até a Magali ficou assim sarcástica além da conta, o que não é muito comum com a personalidade dela. Dessa vez ele não deixou os personagens com linguinha para fora com frequência, quando outro personagem falava bobeira ou piada infame, nessa personagens só olhavam oara os leitores em situações assim, mas acabou tendo uma certa careta do Cebolinha com ele gripado. No início, o Emerson fazia histórias mais curtas e podiam ser até de miolo e também fazia histórias para qualquer personagem ou núcleo de personagens, aí depois o estilo dele foi com histórias de aberturas longas e só criava com Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, e muito raramente com Chico Bento, além das caretas exageradas dos personagens. 

Os traços ficaram bons, típicos da segunda metade dos anos 1990, Cebolinha ficou diferente gripado, mas até que faz sentido nesta história. É incorreta atualmente por violência da Mônica espancar o Cebolinha com coelhada e puxar os fios de cabelo dele quase arrancando, e ainda sem ele ter feito nada contra ela, homofobia da Mônica e chamar amigos de "delicadinhos" com desdém, Mônica pisar em cocô. Teve absurdo do termômetro ficar voando enquanto Mônica bate e puxa o cabelo dele e depois o termômetro volta para boca dele, não sabe se foi erro ou de propósito, talvez fizessem hoje correção nesse detalhe para tirar o absurdo.