segunda-feira, 29 de abril de 2013

As Melhores Histórias do Pelezinho nº 4



Desde 2012, Pelezinho voltou a ter gibis nas bancas, sendo que nenhum deles são histórias inéditas. "As Melhores Histórias do Pelezinho" e "Pelezinho Coleção Histórica", nas bancas, são republicações dos gibis dele da Editora Abril dos anos 70 e 80, além do livro "As Tiras Clássicas do Pelezinho", em livrarias, que republicam as tiras antigas de jornais. , todos são republicações dos gibis dele da Editora Abril dos anos 70 e 80. Vale a pena comprá-los. Nessa postagem eu falo do gibi "As melhores histórias do Pelezinho" nº 4, o último que chegou nas bancas.

"As Melhores Histórias do Pelezinho" (MH-PLZ) é uma revista bimestral de 68 páginas. Tem formato tipo gibi convencional sem lombada, mas se trata de almanaque mesmo porque são republicações. As histórias republicadas têm foco nas últimas edições de Pelezinho da Editora Abril (por volta de 1981/ 82), enquanto que em "Pelezinho Coleção Histórica" republica as primeiras histórias em sequência e na íntegra. Seguindo esse raciocínio, para quem compra as duas edições, vai ter desvantagem de chegar uma hora que isso vai se inverter. E, com isso, as histórias que saírem em "MH-PLZ" já vai tê-las na "Coleção Histórica" e vice-versa. E também a gente sabe que a coleção será limitada. 

Como na Editora Abril, Pelezinho só teve 58 edições, "MH-PLZ" deve ir até esse número ou até menos um pouco, por alguns motivos: o primeiro que "MH-PLZ" tem 68 páginas enquanto que em PLZ da Editora Abril tinham 52 páginas. Fora que as revistas da Editora Abril tinham sessão de cartas e muitas páginas de passatempos nas primeiras edições e agora na "MH-PLZ" não tem. Outro motivo é que provavelmente vão insistir em não republicarem histórias totalmente incorretas no julgamento da MSP. Acho que "MH-PLZ" só terá mais de 58 edições se republicarem novamente as histórias (re-republicações) ao longo das edições, ou senão façam uma 2ª série dessa coleção, exatamente como fizeram como os Almanaques do Gibizinho da Mônica quando não tiver mais histórias apropriadas para reedição. Claro que devem republicar também as histórias que saíram nos especiais das Copa 1986 e de 1990 (esse último já da Editora Globo), mas mesmo assim não alcançaria muito além de 58 números. A "Pelezinho Coleção Histórica" também será limitada.

Capas de "As Melhores Histórias do Pelezinho" nº 1, 2 e 3
Eu coleciono, já que eu não tive muito contato com as histórias do Pelezinho,  mas das poucas que eu tinha lido, gostei muito. Claro que a maioria das histórias tem foco em futebol, mas por incrível que pareça não fica repetitivo só falar de futebol, são histórias gostosas de ler, fora que são de uma época que o incorreto predominavam nas histórias. Além do mais, não é comum republicarem histórias da Editora Abril hoje em dia. Nem dá pra comparar com as histórias do Ronaldinho Gaúcho que, de semelhante, só histórias voltadas ao futebol. Em "Ronaldinho Gaúcho" é tudo simples, ele não tem uma turma igual ao Pelezinho, os personagens são todos inspirados na sua família, não tem nem vilão antagonista que tenha inveja dele e queira tomar o seu lugar, como o Jão Balão da turma do Pelezinho. Sem contar o predominio do politicamente correto cansativo, comum aos gibis da atual Turma da Mônica.

Agora falando da edição nº 4, como sempre muito boas as histórias. Esse número tem 12 histórias, incluindo a tirinha final. O que chamou a atenção que foram poucas histórias falando de futebol nessa edição. Foram mais situações cotidianos do Pelezinho e sua turma. O gibi dele é marcado com histórias curtas e objetivas, incluindo as de abertura, e as dessa edição não foi diferente. Gostei da história de abertura que tem um diabo presente, coisa que não tem nas revistas inéditas da MSP hoje em dia.

Só que, como nada é perfeito, "MH-PLZ" também tem os inconvenientes de mudanças nas histórias originais para se adaptarem ao politicamente correto. Quando eles cismam com isso não tem jeito. Assim como já falei casos que aconteceram recentemente em Cascão 50 Anos e Almanaque da Mônica nº 38, nessa edição MH-PLZ não foi diferente. Tiveram algumas alterações, deixando claro que eu não tenho as revistas originais pra confirmar, mas pelo contexto que explico a seguir, está na cara que mudaram.


Na história de abertura eles mudaram a palavra "azar" para "má sorte". Como foi falado isso em uma Coleção Histórica em uma história do Chico Bento, nos gibis atuais, a MSP não coloca mais a palavra "azar" nas historinhas. Quando precisam colocar essa palavra, eles mudam essa palavra por "falta de sorte" ou "má sorte".  E, consequentemente, nas republicações as alterações são inevitáveis. Acho totalmente sem noção a MSP agora se tornar também supersticiosa e mudar isso, não faz sentido algum excluir uma palavra do vocabulário. Um absurdo. Com isso, nas vezes que falaram "azar" nessa história do Pelezinho, mudaram para "má sorte" inclusive no título que deve ser "Azar à solta" e, na hora que o Teófilo supostamente falou "Que azar!" no gibi original, trocaram agora para "Que zica!", gíria que nem devia existir nos anos 80. Lamentável! Mostro alguns trechos dessa história deles não falando a palavra "azar".


Já na história "Um banho demorado", pelo menos mantiveram como na original com Pelezinho de bunda de fora ao tomar banho pelado no início. Na época era supercomum os personagens aparecerem pelados, tantas vezes o Chico Bento já apareceu pelado tomando banho no rio, por exemplo, hoje em dia é proibido nos gibis. Mantiveram também o Pelezinho chamando o Cana Brava de "cabeçudo" nessa história e os personagens xingando "Diacho!" em 2 histórias dessa edição, coisas que também não existem mais nas histórias atuais. Menos mal. 


É bom lembrar que houve também uma alteração em "MH-PLZ" Nº 3 na história "Bonga e o príncipe desencantado" em que a Bonga conversa com um sapo que era príncipe, e que mudaram o sapo falando que era fã da Lady GaGa (Lady Caca na história). só queria saber qual cantor (a) original que eles mudaram. Deve ser um bem de época anos 80 para fazerem isso. Nessa história mantiveram os nomes do Toni Ramos, Fabio Junior e Ronnie Von (parodiados), sendo que vai saber se também na época não foram parodiados os nomes deles, e na republicação agora parodiaram. Agora alteram qualquer coisa sem mais, nem menos, não duvido nada. Sem contar que essas alterações nas histórias tem a falta de respeito com o roteirista original. Com certeza ele não gostaria de saber que o seu texto e trabalho foram alterados para atender aos novos padrões da MSP.


Fico pensando se fizessem histórias inéditas do Pelezinho, seria igual a qualquer gibi da Turma da Mônica. não teria o mesmo encanto. Se fazem essas alterações toscas nas histórias republicadas, então histórias novas deles não teriam graça. E juntando esses traços de atuais, nem se fala. É melhor mesmo que fiquem só com republicações mesmo para não estragar o personagem. 

Apesar desses deslizes, é uma ótima coleção, e essa edição também é boa. Para quem pensa em colecionar apenas um título, a "Coleção Histórica" dele é melhor. Claro que "Coleção Histórica" tem algumas desvantagens, só que pelo menos o conteúdo original permanece, nem que tenha que falar nos comentários que "nas histórias de hoje não é mais assim" o tempo inteiro. Enquanto que em "MH-PLZ" podemos encontrar alterações em histórias. Fica a dica.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Gibizinho (Parte 2)



Na postagem da primeira parte dos gibizinhos havia falado como foram os de 1991 e 1992, mostrando todas as curiosidades e confusões com numeração. Nessa postagem, eu vou falar da segunda fase dos gibizinhos com as mudanças que ocorreram na coleção a partir de 1993.

Em janeiro/93 não lançaram nenhum inédito, apenas um pacote com 10 edições avulsas dos gibizinhos de 91/92. A partir do nº 27, de fevereiro/93, a coleção sofre uma mudança radical e a partir daí perdeu uma boa parte do encanto, mesmo assim ainda eram bons. Passou a se chamar apenas "Gibizinho da Mônica" e juntaram os 4 gibizinhos em um só volume, com lombada e 132 páginas no total. Na propaganda que vinha nos gibis fala que eram 128 páginas, mas o certo são 132, contando com capa e contracapa. Apesar do papel da capa ficar mais grosso e de alta qualidade (melhor até do papel da capa da atual Coleção Histórica), por dentro o miolo não era mais papel couché, e sim papel de jornal convencional dos gibis. De igual aos gibizinhos até o nº 26, só ficaram o enquadramento das histórias, passatempos no final (até 4 páginas) e não ter propagandas no miolo. Lembrando que o preço ficou a mesma coisa se comprasse os 4 juntos (era só dividir o preço por 4, acrescentando um pouco a inflação da época). 

Propaganda de Parque da Mônica nº 7 (1993)

As capas faziam alusão à história de abertura em todas as edições e, não só em algumas como antes. Em relação às histórias, até o nº 31, só tinham histórias dos 5 personagens principais, só depois que passou a incluir também dos personagens secundários aos poucos. Titi e Dudu passaram a ter histórias solo também de vez em quando. Curiosamente, Tina e sua turma tiveram poucas histórias a partir daí, diferente de quando era formatinho que tiveram vários gibizinhos próprios desse núcleo. Foram só umas 5 edições desse formato 
novo que tiveram histórias da Tina. O nº 44 foi a última edição do Gibizinho da Mônica que teve história com a Tina. Já Turma da Mata teve mais frequência de histórias a partir de 1996. Os outros secundários tinham histórias com mais frequência. 

Também não houve edições exclusivas com histórias de Natal, diferente dos gibizinhos formatinho, sempre eram todos com histórias de Natal. Só no nº 37, em 1993, que a história de abertura era natalina e as outras de miolo dessa edição não eram. E nas outras edições de dezembro dos anos posteriores nada de Natal nem na abertura. Nas edições nº 48 e 54 eram só a capa que era em 3D Virtual. As histórias são normais, embora o 3D da capa faz alusão à história.

Alguns "Gibizinho da Mônica" entre 1993 e 1998

Achei uma pena eles mudarem o formato dos gibizinhos. Mesmo que as histórias no início mantinham o mesmo nível dos anteriores, não gostei muito porque sempre quis que tivessem gibizinhos do Louco, Zé Lelé, Titi, Dudu e Humberto e nunca teve um com eles. Ficou uma espécie de um gibi convencional da Mônica, só que em miniatura. Acredito que essa mudança aconteceu pelo menos por três motivos:  porque nos formatinhos, o pessoal deixava de comprar os gibizinhos dos personagens que não gostava. Tipo, se não gostava do Bidu, ou do Astronauta, por exemplo, não compravam esses. Outro motivo, deve ser por causa da capa que o pessoal do estúdio tinham mais trabalho pra fazerem 4 capas diferentes e juntando em um só volume, precisariam fazer apenas uma capa. E o outro é que o custo do papel couché é mais caro do que os gibis convencionais, sem contar a crise do mercado dos quadrinhos na época que tudo que era bom estava acabando. São apenas hipóteses minha, mas que não deixam de fazer sentido para mudar algo que fazia tanto sucesso.

Por volta de 1996, as histórias já tinham uma grande frequência de histórias mudas, decaindo a qualidade das histórias e que já estava anunciando o fim da coleção. O último Gibizinho da Mônica foi o nº 86, lançado em janeiro/98 (que, na verdade, pode-se dizer que já era o Gibizinho da Mônica nº 93, contando com os fininhos, ou 164 diferentes no total, desde que foi lançado).

A partir daí foi lançado no lugar, em fevereiro/98, o "Almanaque do Gibizinho da Mônica", republicando as histórias que saíram nesse formato de todos os tempos, inclusive as da época do formatinho de 91/92, logicamente respeitando o limite de até 5 anos atrás, como em qualquer almanaque. Tinha o mesmo estilo dos gibizinhos da Mônica de 1993 a 1998, como 132 páginas, papel da capa grossa de qualidade, etc. Porém, diferente deles, as capas não mostravam histórias de abertura e, sim piadinhas ou alguma imagem bonita com todos os personagens, e tinham também um prólogo na página 3 semelhante aos demais almanaques da MSP. O bom é que mostravam, através dos códigos, a fonte de qual edição que saiu originalmente as histórias, assim como todos os almanaques da Globo daquela época. Foram republicadas muitas histórias dessa série, mas não foram todas, já que, por exemplo, não republicaram as histórias do Pelezinho.

Alguns "Almanaque do Gibizinho da Mônica" - 1ª série

Até o nº 4 eram reedições de histórias exclusivas de 1991/92, depois passaram a incluir algumas de 1993 na abertura e em seguida também nos miolos ainda mesmo nos almanaques de 1998. Eu mesmo comprei (ou resgatei em sebo) até o nº 10, já que depois disso tinham muita frequência de histórias de 1993 em diante que eu já tinha. E tenho também o nº 22 que republicaram só histórias de Natal das edições nº 5 e nº 26 dos formatinhos de 91/92. Inclusive esse nº 22 veio com a capa catonada, diferente dos outros. O Almanaque do Gibizinho da Mônica durou 65 edições até em Junho/2003.

Mas pensa que acabou a coleção a partir daí? Nada! Na falta do que inventar, a MSP resolveu republicar esses almanaques de 1998 a partir de setembro/2003, com as mesmas histórias dos almanaques originais, ou seja, uma reedição na íntegra dos almanaques, ficando conhecido como a 2ª série do Almanaque do Gibizinho da Mônica. Muito bizarro. As capas de 2003 tinham capas iguais de 1998 (só mudando detalhes de cores e o código de barras que eram menor), e para capas iguais, histórias iguais as de 1998.

Alguns "Almanaque do Gibizinho da Mônica" - 2ª série

Só mudava a numeração. Tipo assim, o almanaque nº 1 de 2003 tinha a mesma capa e as mesmas histórias que o nº 1 de 1998, o nº 2 era idêntico ao nº 2, já o nº 3 era igual ao nº 22 porque era uma edição de Natal, o que forçou a partir do nº 4 ser igual ao nº 3 da 1ª série. E os almanaques da 2ª série não tinham o código que mostrava a fonte da história original (os da 1ª série mostravam) , fora que os tons das cores das histórias também eram muito diferentes. Ficou assim até em agosto/2006, quando saiu o nº 36 (que correspondeu a nº 39, de 2001), acabando definitivamente a coleção, já que a Panini não continuou. Realmente essa 2ª série achei desnecessária, se não tinha mais histórias para republicar que terminasse a coleção em grande estilo ou que as republicassem de novo avulsamente, mantendo a numeração e capas diferentes. Ficou algo decadente uma 2ª série de almanaques.

Tiveram também 2 edições promocionais de Band-Aid (reedição dos almanaques nº 1 e 2), com capa cartonada, com menos páginas e curioso que metade das histórias eram iguais aos originais, e a outra metade tinham histórias diferentes. Sobre encontrar esses gibizinhos em sebos, por incrível que pareça os mais difíceis são os grossos de 1993 a 1998. Até que já encontrei vários gibizinhos fininhos em sebos em estados variados, mas os grossos raramente vejo. Os almanaques de qualquer série são mais fáceis de encontrar.
Comparação de capas: os almanaques da esquerda são da 1ª série e os da direita Band-Aid ou 2ª série

Mesmo sendo uma coleção muito confusa, principalmente numerações, foi uma ótima coleção que marcou a infância de muita gente, principalmente os fininhos de 91/92. Achei que foi decaindo aos poucos e acabou na época certa. E boa a ideia dos almanaques republicando as histórias para mostrar as novas gerações as histórias dos primeiros números. Só não precisava de uma 2ª série. Hoje, a coleção "Turma da Mônica Extra" da Panini resgatada um pouco a ideia de gibi próprio de personagens secundários, mas não é a mesma coisa que os gibizinhos, até porque neles eram histórias inéditas e na "Turma da Mônica Extra" são republicações.

Nas imagens, como são muitos, coloquei só alguns "Gibizinho da Mônica" de 1993 a 1998. Dei preferência às melhores capas na minha opinião. Eu só não tenho um gibizinho dessa fase. Já os almanaques coloquei todos que eu tenho. Para saber da primeira fase dos gibizinhos entre aqui: 

terça-feira, 23 de abril de 2013

Gibizinho (Parte 1)




Gibizinho foi uma coleção de minigibis da Editora Globo lançada em 1991 que foi uma febre entre a garotada da época. Com certeza, uma coleção muito louca e extremamente confusa, o terror dos colecionadores, e vou tentar explicar todos os detalhes e curiosidades possíveis nessa postagem que, como ficou muito grande, resolvi dividir em 2 partes. Nessa primeira parte, eu falo da fase de 1991 e 1992.

Gibizinho foi lançado em agosto/91 com periodicidade mensal de formato 13,5 X 9,5 cm (os convencionais são 19 x 13,5 cm). Uma vantagem era que o papel que era diferente dos gibis convencionais. Tanto a capa quanto o miolo, eram todo em papel couché com cores bem vivas e com tratamento especial. Não tinham propagandas no miolo, apenas na página 2 e na contracapa. Tinha 32 páginas cada um, e a confusão começa na numeração.

Em cada número, eram lançados ao mesmo tempo 4 gibizinhos diferentes por numeração, cada exemplar com um personagem diferente. Ou seja, em cada edição, vinham exemplares individuais de 4 personagens diferentes e cada um com a mesma numeração. Complicado né? No nº 1 tivemos gibizinhos individuais da Mônica, do Anjinho, do Piteco e do Bidu. Cada um com 32 páginas. No nº 2 já tivemos gibizinhos individuais do Cebolinha, da Tina, do Astronauta e da Turma da Mata, todos com  o nº 2 na capa, ou seja, numeração continuada, apesar dos personagens diferentes em relação a numeração anterior. E por aí vai.

Gibizinhos "Nº 1" (1991)

O mais legal da coleção era justamente esse fato da gente nunca saber quais os 4 personagens que teriam o seu gibizinho próprio na próxima edição. Além de que foi a chance da gente ver pela primeira vez os personagens secundários terem gibis próprios. E com histórias inéditas. Tina, Penadinho, Franjinha, Rolo, Horácio, Papa-capim, Mingau e vários outros finalmente começaram a ter seus gibis próprios. Até Pelezinho teve gibis nesse formato. Na Globo, ele só teve histórias inéditas em um gibi especial da Copa do Mundo 90 e nesses 2 gibizinhos que foram lançados. Inclusive, foi nessa série a última vez que foram lançadas histórias inéditas do Pelezinho até hoje. 

Alguns gibizinhos de 1991/92

Em cada número, pelo menos um gibizinho era dos 5 principais que era o que encabeçava a edição (ou da Mônica, ou do Cebolinha, ou do Cascão, ou da Magali, ou do Chico Bento) e os outros eram de secundários da MSP. Mas podia ter numeração com 2 ou 3 ou até mesmo os 4 gibizinhos da mesma edição serem só desses personagens principais. Uma coisa interessante é que o logotipo dos personagens secundários foram criados nessa coleção e eles continuam até hoje com os mesmos logotipos, como a gente vê nos seus almanaques da Panini. O preço era bem barato em relação aos gibis quinzenais convencionais da época, claro que considerando cada um deles, porque comprando os 4 juntos, sairia mais caro que o gibi da Mônica em banca da época (multiplica o preço de um por 4). E algumas edições fechavam com uma página de passatempos.
Uma página da HQ de abertura tirada do Gibizinho da Magali nº 3 (1991)

As capas, em grande maioria, fazia alusão às histórias, mas tinham também capas com piadinhas, como, por exemplo, Astronauta nº2, Penadinho nº 4, entre outros, dependendo da edição. As histórias ocupavam geralmente a metade do gibi, normalmente eram 2 histórias por título, sendo que às vezes podia ter história única ou mais de 2. O enquadramento eram em média 2 quadros por páginas para manter uma boa visão de leitura. É como se fossem histórias de 2 ou 3 páginas dos gibis de formato convencional adaptadas para esse formato. Em dezembro, as histórias eram exclusivas de Natal. Capas caprichadas e histórias totalmente natalinas. A melhor delas, foi a do Anjinho nº 5 que mostra quando ele chegou ao Céu perto do Natal. Muito linda essa história, qualquer dia falo dela aqui.

Gibizinhos "Nº 5" - Todas as Histórias são de Natal (1991)

O sucesso era absoluto. Lembro que eu comprava os gibizinhos em um dia, aí quando voltava na banca na outra semana nem tinha mais (ou bem poucos) nas bancas. Devido a esse sucesso, a partir do nº 6, em dezembro/91 passou a ter, além dos personagens da MSP, gibizinhos de outras revistas da Editora Globo da época. Com certeza, a Editora Globo aproveitando o sucesso da série com a Turma da Mônica, pegou a carona para divulgar as outras revistas da editora. E, aí, começando outra confusão em relação à numeração. 

A partir do nº 6 passou a ter gibizinhos da Xuxa, do Sergio Mallandro, Paquitas, Chaves, do Chapolim, Turma do Arrepio, Leandro & Leonardo. Com isso, a coleção passou a ser quinzenal, da seguinte forma: a numeração ficou continuada com os da MSP, sendo que nos números ímpares eram reservados a Turma da Monica e nos números pares eram dessas outras revistas da Editora Globo, que eu costumo chamar "Turma da TV". Assim como os da Turma da Mônica, esses vinham o mesmo número de páginas, sem propagandas e todo em papel couché de antes e vinham 4 gibizinhos diferentes por numeração, cada um com um personagem da TV diferente. 

Alguns Gibizinhos da "Turma da TV" (1991/92)

No nº 6 tivemos gibizinhos da Xuxa, Sergio Mallandro, Turma do Arrepio e Leandro & Leonardo. E a partir daí, todos os números pares eram reservados a eles. Sendo que Turma do Arrepio e Leandro & Leonardo tiveram seus gibizinhos em todas as edições, Xuxa quase sempre, e Chaves e Chapolim praticamente se alternavam na numeração. Em uma edição era Chaves, na outra Chapolim, exceção do nº 8 em que eles tiveram gibizinhos da mesma numeração. Por curiosidade, Paquitas não tinha gibi próprio na época e tiveram um gibi próprio nesse formato uma única vez. E os passatempos eram publicados na página 2 na maioria das vezes, em vez da página 30.

Então, o gibizinho ficou assim quinzenal e alternado com Turma da Mônica nos números ímpares e Turma da TV nos pares, até o nº 22. Depois desse número deixaram de ser produzidos gibizinhos da "Turma da TV", provavelmente pelo fato das revistas convencionais deles estarem sendo canceladas, ou prestes a ser. Sergio Mallandro, Chapolim e Leandro & Leonardo já haviam sido canceladas ainda em 1992 mesmo, e as outras seriam canceladas em 1993. Na minha opinião, achava que seria melhor se a numeração desses gibizinhos da Turma da TV fosse independente. Já que lançaram, que colocassem a numeração nº 1, e não permanecer a numeração.  Até que os gibis do Chaves, da Turma do Arrepio eram legaizinhos, mas Leandro & Leonardo era um saco, muito ruim.  Aí o colecionador da MSP ou tinha que comprar todos por causa da coleção "Gibizinho" ou comprava só os números ímpares por causa da Turma da Mônica, ficando a coleção incompleta. 

A partir do nº 23 Gibizinho voltou a ser mensal, somente com personagens da Turma da Mônica, exatamente como era em 1991. E ficou assim até o nº 26, em dezembro/92, com todas as histórias sendo de Natal. Os últimos "nº 26" que fecharam esse ciclo foram os gibizinhos da Mônica, Cebolinha, Cascão e Chico Bento. Apesar do nº 26 na capa já tinham sido lançados até então 104 gibizinhos diferentes (68 da Turma da Mônica e 36 da Turma da TV), sendo que os da MSP, até então, Mônica foi quem teve mais gibizinhos (7 no total). Dentre os personagens secundários, quem tiveram mais edições foram Bidu e Tina (4 no total cada).

Alguns gibizinhos de 1991/92

Como são muitos, nas imagens, eu só coloquei alguns. Dei preferência um de cada personagem que tiveram seus gibizinhos com as melhores capas. Termino a postagem com um vídeo raríssimo da propaganda que passava direto na televisão em 1991, na época do lançamento dos gibizinhos fininhos. Achei por acaso na internet. Era toda em forma de rap, e a letra era reproduzida nas propagandas dos gibis convencionais da época, que também mostro a seguir. Era para ler, cantando. Confira também a postagem sobre a segunda fase dos gibizinhos  e todas as suas mudanças a partir de 1993.

Propaganda de 'Chico Bento Nº 122' (1991)
Propaganda de 'Mônica Nº 60' (1991)

sábado, 20 de abril de 2013

Cebolinha: HQ "Ghost de Cebolinha"

Você sabia que o Cebolinha já morreu? Foi o que aconteceu nessa história muito lembrada pelo fãs da Turma da Mônica, que teve a participação da Dona Morte. É uma sátira do filme "Ghost - o outro lado da vida", tem 16 páginas e foi publicada em 'Cebolinha Nº 83' (Editora Globo, 1993).

Capa de' Cebolinha Nº 83' (Ed. Globo, 1993)

A história começa com Cebolinha correndo da Mônica depois de ter aprontado das suas. Então, aparece um barranco e ele para na beira. Ele leva uma coelhada da Mônica e acaba caindo lá de cima. Só que diferente das outras vezes, em que ele caía e aparecia só machucado no quadrinho seguinte, dessa vez realmente ele morre com a queda.


Já como espírito e sem saber de nada, Cebolinha continua correndo e bate de frente com um muro, quando ele percebe que atravessou o muro. Ele pensa na hora que virou mágico, mas logo depois vê a Mônica chorando diante do corpo dele e aí ele se dá conta que morreu.


Aparece a Dona Morte e fala ao Cebolinha que veio lhe buscar. Ele pede ajuda à Mônica, mas Dona Morte fala que ela não pode mais vê-lo nem ouvi-lo porque é um fantasma, mesmo não se parecendo um lençol como o Penadinho. Dona Morte fala ainda que ele está daquela forma porque não decidiram se ele vai para o Céu ou para o Inferno. Cebolinha assina o documento de óbito e a Dona Morte o leva para conhecer o Inferno. Lá, o Diabão fala que ele vai pra lá por causa dos planos contra a Mônica e os nós no coelhinho dela e ele fica com medo.


De lá, eles pegam um elevador e vão ao Céu para o Cebolinha conhecer. Enquanto o Cebolinha está olhando, Dona Morte recebe um telefonema com informação que tem que levar a Mônica. Ele ouve e pensa que é a Mônica amiga dele e dá um jeito de ir a Terra através de uma carona de um anjo para poder avisá-la antes.


Chegando lá, encontra Cascão e Mônica ainda lamentando a sua morte e tenta dar um jeito de falar com eles. Na hora, Cascão consegue ouvir a voz do Cebolinha e pressente que o espírito do Cebolinha está lá na frente deles. Mônica não acredita no Cascão e o Cebolinha o manda xingar de "baixinha, gorducha e dentuça", mas ela continua não acreditando e Cascão ainda leva uma coelhada.


Cebolinha, então, tem a ideia de pegar o Sansão e o faz levitar e ainda dá nós nele. Mônica vê o Sansão se movimentar sozinho e aí passa a acreditar que o espírito do Cebolinha está lá. Nesse momento surge o Diabão dizendo que ele escolheu o Inferno como o lugar para ficar eternamente por causa dos nós que acabara de dar no Sansão.


Quando o Diabão vai lançar um raio que o levaria para o Inferno, Cebolinha empurra e salva a Mônica que iria ser atingida pelo raio devido à má pontaria do diabão. Nisso, Dona Morte chega e vê a boa ação do Cebolinha e fala que vai ao Céu. Mas antes dele ir ao Céu, ela permite que a Mônica e o Cascão possam vê-lo e tocá-lo pela última vez. Cebolinha se despede deles dizendo que vai sentir saudades e que será mais um anjinho no céu.


Dona Morte se emociona com a despedida e, com isso, lhe dá mais uma chance ressuscitando, voltando o tempo um pouco antes da hora que aconteceu o acidente. Então, ele consegue se abaixar e não cai no barranco, só que não esperava que a Mônica iria tropeçar nele e acabar caindo no barranco e morrendo, acontecendo tudo de novo.


Uma história muito boa, com ótimo roteiro que mistura drama e humor. Legal ver que no Inferno precisa de crachá para entrar e no Céu não tem tal burocracia. E a Dona Morte querer um autógrafo do Cebolinha, seu grande ídolo. Uma boa sacada também de colocar o Cebolinha morto na história que foi o tema central da história.


Normalmente, quando os personagens caíam dos barrancos nas histórias, continuavam vivos, só com uns machucados e no outro quadrinho já está pronto pra outra. Bem semelhante às histórias do Papa Léguas em que o Coiote caía do abismo e acontecia de tudo e ele voltava ileso, ou até mesmo Tom & Jerry e Piu Piu & Frajola.


Os traços excelente, bem típico dos anos 90. Na postagem a coloquei completa. Muito boa a participação da Dona Morte na história, eu gosto quando há cross-over entre personagens, ou seja, encontro de núcleos diferentes, claro que sempre na medida certa, e não colocando só por colocar. E não teve uma continuação dessa história.


Aparece até um fim com interrogação no final, com a dúvida se a Mônica morreu mesmo ou não, ficando a imaginação do leitor tirar suas conclusões. Claro que nas histórias seguintes do mesmo gibi, ela aparece normalmente viva, como até hoje. "Ghost de Cebolinha", um clássico da MSP que sempre vale a pena ser lembrada.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Cascão 50 Anos: Mudanças em Histórias



Eu já tinha feito um comentário aqui sobre a minha opinião da edição "Cascão 50 Anos". Só que eu ainda não tinha lido ainda na ocasião, foram comentários gerais, como eu conhecia a maioria das histórias, achava que eu podia comentar. Eu nem iria mais falar sobre essa edição, mas quando eu estava lendo, vi várias mudanças que eles fizeram em relação às histórias originais. Se fosse em apenas uma história tudo bem, mas foram em 4 histórias. É tanto absurdo que mudaram que eu resolvi falar desses absurdos do livro.

A pior mudança foi na história "Lava o prato, Lava" (CC # 55 - Ed. Abril, 1984). Essa é revoltante. Na trama, Cascão e Cebolinha estavam almoçando e a mãe do Cascão informa que a empregada não foi trabalhar e eles tinham que lavar a louça. Na hora que o Cebolinha fala que o Cascão não quer lavar a louça, a mãe do cascão fala ele que é um bom menino e que nunca se recusaria a ajudá-la. Aí vem o absurdo da mudança. 

Na revista original, ela mostra o chinelo para dizer que o Cascão apanharia se ele ousasse não lavar a louça, e agora em "Cascão 50 Anos" simplesmente redesenharam a cena, tirando o chinelo da mão dela e colocaram no lugar ela apontando o dedo dizendo que ele ficaria uma semana sem jogar videogame. Na outra cena, a mesma coisa: quando o cascão fala que nada vai fazer com que ele mexe na água, eles tiraram ela mostrando o chinelo, redesenhando apenas ela apontando o dedo. como assim?

Imagem original, tirada do Almanacão de Férias nº 12 (Ed. Globo, 1992)
Imagem tirada de "Cascão 50 Anos"
A MSP só apoia agora o politicamente correto, hoje seria inadmissível ter nas histórias crianças apanhando dos pais e ainda mais de chinelo, já que eles não apoiam violência. Isso é até falado na Coleção Histórica. Tem até uma capa do Pelezinho que ele aparece apanhando da mãe na bunda e eles falaram nos comentários q hoje nunca sairia uma capa igual a aquela. Até aceito nas histórias inéditas, mas mudar radicalmente a história em um almanaque é ridículo. E ainda mais em uma edição especial como essa.

Comparando a diferença nas imagens, ficou sem graça a cena da história mudada desse jeito. Eu adoro essa história, é até a melhor dentre as da Editora Abril desse livro, só que republicada desse jeito perdeu o sentido da história. O que é engraçado na cena é ver a mãe mostrando o chinelo para o Cascão, informando que ele vai apanhar se não lavar a louça. É o ponto forte da história e aí mudam do nada. Como os pais não podem bater nos filhos, a MSP vai e mudam o castigo dele de só ficar uma semana sem videogame. Na verdade, o Cascão que eu conheço não se sujeitaria a lavar louça para não ficar sem videogame. Ele nem é fã de jogos eletrônicos, gosta mesmo de futebol e de brinquedos velhos. 

E além disso ainda fico me perguntando: será que faz mal dar umas palmadinhas nas crianças quando elas desobedecem aos pais? É certo não bater quando elas fazem malcriação? É uma discussão séria. Independente disso, se é para mudarem que não republicassem então. Nesse "Cascão 50 Anos", das histórias da Abril só tem histórias de 1984, então se a história tem cena politicamente incorreta, podiam ter colocado outra história no lugar, de preferência de outro ano fora 1984, histórias boas iguais a essa que não faltam.  
Imagem original, tirada do Almanacão de Férias nº12 (Ed. Globo, 1992)
Imagem tirada de "Cascão 50 Anos"
Outra modificação que o livro teve foi na história "O segredo do Cascão" (CC # 60 - Ed. Abril, 1984). Nela, Cebolinha vai á casa do Cascão já que fica intrigado porque o Cascão não foi mais brincar com ele. Lá, cebolinha vê Cascão saindo escondido, resolve segui-lo até uma gruta subterrânea e descobre que ele se encontra com uma namorada secretamente. O que foi mudado na história, foi o pensamento do Cebolinha. Na revista original, ele pensava errado, e na republicação agora colocaram ele pensando certo. Na época ele trocava o "R" pelo "L" até quando pensava. Nos últimos anos, a MSP coloca ele falando certo quando pensa. É que quem tem dislalia como o Cebolinha pensa falando certo e não querem ensinar errado. Então agora toda vez que republicam histórias antigas do Cebolinha falando errado quando está pensando, eles mudam o balão.

Recentemente mesmo trocaram no Almanaque da Mônica nº 33 (Ed. Panini, 2012) na história "Deixe eu ler o seu pensamento?" (MN #32 - Ed. Globo, 1989). Na hora que ele pensa "xi... além de baixinha, 'golducha' e dentuça, a mônica tá 'pilada', também", na revista original de 1989 ele pensa trocando as letras e na republicação da Panini trocaram o texto com ele falando certo. Até nas Tiras Clássicas e nos pockets L&PM eles fazem isso.  Acho uma bobagem isso. O que custava preservar o texto original pelo menos agora em "Cascão 50 Anos"? Ainda mais que nessa história o Cebolinha fica a maior parte pensando. Só na Coleção Histórica que não mudam isso, mas sempre deixando claro nos comentários que nas histórias atuais ele pensa sem trocar as letras. Lamentável.

Imagem original, tirada do Almanaque do Cascão nº 24 (Globo, 1993)
Imagem tirada de "Cascão 50 Anos"
Na história "Reflexo Rápido" (CC# 81 - Ed. Globo, 1990) também houve mudança. Na parte que o garoto brincando de caubói estava com uma arma de brinquedo, eles mudaram ele segurando uma squeeze d'água em vez da arma. Ridículo. É que porque nas histórias atuais, os personagens, em hipótese nenhuma, não usam arma de fogo e nem as de brinquedo são permitidas. E aí nas republicações é tudo modificado e adaptado para os novos padrões do politicamente correto. E, claro, que por causa não teremos mais histórias inéditas e nem republicadas deles brincando de bangue-bangue ou situadas no velho oeste. Lamentável. 
Imagem original de Cascão nº 81 (Ed. Globo, 1990)
Imagem tirada de "Cascão 50 Anos"
E a outra mudança  foi na história "Gibis, pra que te quero" (CC# 78 - Ed. Globo, 1990). Nela, Cascão queria comprar uma bola nova, mas como os pais estavam sem dinheiro, resolve vender seus gibis velhos. Quando o cascão xinga "Droga!" na edição de 1990, eles mudaram agora pra "Puxa!". Mudou muito o sentido. Quando ele fala "Droga!" dá sentido de raiva que os pais não lhe deram dinheiro, e quando fala "Puxa!" dá um tom de lamentação. Além disso, não vejo problema de omitirem a palavra "Droga!", não vi nada demais. Não gostei!

E outra alteração menos importante diante disso tudo, mas para registrar que teve, aconteceu nessa mesma história. Na hora que uma menina pergunta qual o preço dos gibis, eles mudaram de 2 cruzados na original para 2 reais agora. Nas republicações antigas, eles não mudavam preço, mantinham cruzeiro, cruzado, e pelo jeito mudam nas republicações. Antigamente, só mudavam algumas vezes referências a anos, e, mesmo assim, mais nas histórias de Ano Novo, e agora mudam tudo sem mais nem menos.

Imagem original de Cascão nº 78 (Ed. Globo, 1990)
Imagem tirada de "Cascão 50 Anos"
Todas essas modificações acontecem também nos almanaques convencionais,e andam muito frequente isso, já que estão colocando histórias mais antigas. Será que vale a pena republicarem histórias antigas com todas essas adaptações. Eu acho que seria melhor então saber escolher melhor as histórias. Se a história não é politicamente correta para os padrões hoje que não republiquem e deixe apenas na Coleção Histórica. A história "Lava o prato, Lava" foi o pior caso que vi até agora.

Para finalizar a postagem, só constar que erraram na apresentação de capas que o Almanaque do Cascão nº 1 da Globo foi de março/1988. Na verdade o correto foi de março/1987. E de todas as histórias do livro, confirmo que a melhor história da edição foi mesmo a "Final Infeliz" (CC #83 - Ed. Globo, 1990). Originalmente não foi de abertura e curiosamente nem fala de banho, sujeira e afins. Nela, Cascão conta o final dos filmes e seriados para o Cebolinha e ele fica furioso. Sempre dou gargalhadas quando releio essa história. Muito legal. No geral, juntando com os comentários que eu já tinha feito aqui e todas essas mudanças que fizeram, "Cascão 50 Anos" foi uma decepção. "Bidu 50 Anos" o melhor até agora.

Ah, lembrando que as imagens da Editora Abril na postagem eu tirei dos almanaques da Editora Globo em que as histórias foram republicadas porque eu não tenho os originais da Ed. Abril, mas com certeza foram assim que foram publicadas, já que os almanaques da Globo seguiam fielmente o conteúdo das histórias, diferente os da Panini.

domingo, 14 de abril de 2013

Cascão: HQ "O Roubo da Mona Crespa"


Publicada originalmente em Cascão nº 72 (Ed. Globo, 1989), a história "O Roubo da Mona Crespa" tem 14 páginas e fala sobre um assalto em um museu do quadro "Mona Crespa" (uma sátira à Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci).

Capa de Cascão nº 72 - Ed. Globo, 1989
A história começa com um narrador contando como o Cascão é um garoto ágil e não mede esforços pra ajudar os amigos. Ele é capaz de entrar em um bueiro pra pegar bolinha de gude que caiu, subir em árvores para pegar pipa que enroscou, subir e se equilibrar em muros, além de ser capaz de entrar e conhecer todas as latas de lixo do bairro por diversão própria.


Um dia, caminhando, Cascão encontra o Cebolinha e Xaveco se lamentando que a bola de futebol deles tinha caído no quintal de uma casa enquanto eles estavam jogando. Só que essa casa é muito equipada, com portão de grades de lanças pontiagudas, além de um cachorro bravo tomando conta. Imediatamente, Cascão foi ajudar os amigos entrando na casa. Com sua agilidade, ele atravessa as grades do muro, dribla o cachorro bravo e sobe na arvore e consegue pegar a bola. Tudo com uma agilidade que ninguém tem.


Nessa hora, dois bandidos, que eram os donos da casa, estavam planejando uma forma de roubar o quadro da "Mona Crespa" do museu da cidade para pedir resgate pela obra. Só que o museu tem um forte esquema de segurança com guardas vigiando na porta do museu, portão de aço, sistema de alarme sensível, sem contar que o quadro estava no último andar do museu. Mas, com o barulho do cachorro, os bandidos veem o Cascão pegando a bola no quintal deles, ficam surpreendidos com a agilidade dele e o chamam para roubar a "Mona Crespa" do museu. Os bandidos se identificam como policiais que deram ao Cascão uma missão secreta de resgatar um quadro que bandidos roubaram e esconderam no museu. Cascão inocente, pensa que é verdade e ajuda a roubar o quadro.


Então, à noite, os três vão ao museu de balão, chegam em frente ao andar que está o quadro, e Cascão entra se equilibrando na marquise da janela. Ao entrar, agilmente, consegue atravessar o sistema de alarme de segurança e encontra a "Mona Crespa". Ao pegar, ele não contava que tinha um alarme atrás da estátua e, com isso, acaba disparando. Daí, ele não pode fazer mais nada a não ser correr até onde os ladrões estavam. Lá, Cascão descobre que eles é que eram os bandidos. Como Cascão não entrega, eles fazem força e Cascão acaba caindo da janela com quadro e tudo. Quando todos pensam que tinha morrido, ele se pendura em uma barra de apoio da parede e ainda salva o quadro prendendo entre as pernas.


No final, os ladrões são presos porque caíram do balão que não suportou o peso dos dois. Cascão é consagrado herói e leva ingressos pra poder visitar o museu de graça. Ele leva a turma ao museu, e é descoberto que, desde o salvamento do cascão, a "Mona Crespa" ficou suja eternamente.


A curiosidade fica com o fato de um narrador contando a história. Era comum na época, colocarem um narrador-observador narrando e interagindo com a história, principalmente histórias de ação como essa. Às vezes, os personagens chegavam a conversar com o narrador, discordavam dele, ou vice-versa. Acho maneiro isso. Quanto aos garotos que estavam jogando bolinha de gude e os garotos da pipa no início da história não são personagens fixos, apenas são elenco de apoio. 

Destaque da história dos meninos de uniforme para jogar futebol e interessante o Cascão não conhecer o quadro "Mona Crespa", pensando que era marca de xampu e depois de ver a foto, ele achar parecida com a sua tia Hilda. Tia que nunca apareceu nas histórias. A MSP não segue muito a cronologia, principalmente sobre parentes dos personagens. Provavelmente porque são muitos roteiristas que escrevem as histórias, aí chega roteirista novo e eles não vão conferir o que já foi publicado. 


Sem dúvidas uma ótima história, cheia de suspense e, claro, com os seus padrões incorretos tão comum na época. Era sempre normal ver histórias desse nível naquela época. É engraçado ver o Cascão entrando dentro do bueiro e dentro da lata de lixo no início da história, e bandidos sempre rendem boas histórias como essa. E os traços muito bons também. História antológica que com certeza sempre vale a pena ler e relembrar aqui.