sábado, 30 de janeiro de 2016

Capas Semelhantes (Parte 17)

Nessa postagem eu mostro capas semelhantes que primeiro foi publicada em um gibi convencional e depois a mesma piada saiu em um almanaque, ou vice-versa. Dessa vez os do Cebolinha e do Chico Bento os almanaques envolvem a Editora Abril, o Almanaque da Mônica é da Editora Panini e as demais capas são da Editora Globo.


Almanaque do Cebolinha Nº 6 X Mônica Nº 39

Mônica procura o Cebolinha para bater nele depois que deu nós nas orelhas do Sansão e ele está escondido no logotipo da revista. Na versão original, que saiu em 'Almanaque do Cebolinha Nº 6', de 1985, o Cebolinha está em cima do logotipo dele, pedindo silêncio ao leitor para não contar nada para Mônica e aparecem 2 cabeças da Mônica para representar movimento de olhar de um lado para o outro. Já na 2ª versão, de 'Mônica Nº 39', de 1990, o Cebolinha está pendurado no logotipo da Mônica, que está com rosto normal, e foi incluída a Magali fazendo sinal para a Mônica se acalmar.



Almanaque do Chico Bento Nº 8 X Chico Bento Nº 63

Dois gatos surpreendem o Chico Bento e devoram os peixes que ele havia acabado de pescar. Saiu primeiro em 'Almanaque do Chico Bento Nº 8', de 1986, com a capa com apenas uma imagem e os gatos já satisfeitos depois de ter comido os peixes e Chico nem notou que eles haviam comido. Depois fizeram uma nova versão, que saiu em Chico Bento Nº 63', de 1989, com a capa dividida em 2 quadros formando uma tirinha, onde no primeiro quadro os gatos avistam o Chico com os peixes e no segundo, eles estão na vara de pescar depois de ter comido e o Chico chorando porque os gatos comeram os peixes.



Magali Nº 99 X Almanaque da Magali Nº 29

Magali tocando uma flauta mágica que atrai todas as comidas atrás dela. Na primeira versão, de 'Magali Nº 99', de 1993, ela está em um reino perto de um castelo e atrai só frutas enquanto que na 2ª versão de 'Almanaque da Magali Nº 29', de 2001, ela está com uma capa nas costas, as guloseimas aparecerem personificadas, com bocas e olhos, e aparecem os seus amigos furiosos correndo atrás dela, já que a Magali atraiu os lanches que eles estavam comendo. Era muito comum personagens secundários aparecerem nas capas dos almanaques e então eles fizeram essa adaptação.



Cascão Nº 241 X Almanaque do Cascão Nº 44

Cascão como um gênio saindo da lata de lixo. Na versão original, de 'Cascão Nº 241', de 1996, Cascão sai na lata de lixo depois que uma empregada está limpando. Já na 2ª versão, de 'Almanaque do Cascão Nº 44', de 1998, ele sai depois que o Cebolinha abre a tampa, deixando todos os seus amigos surpresos com isso e colocaram detalhe de moscas junto com o Cascão. Mais um caso de adaptação para que personagens secundários pudessem aparecer na capa do almanaque, o que era muito bom.



Mônica Nº 202 X Almanaque da Mônica Nº 33

Mônica fica surpresa quando faz o Cebolinha voar longe quando estão brincando de gangorra. Em ambas, aparecem só as pernas do Cebolinha, só que na versão que saiu em 'Mônica Nº 202', de 2003, ele voou tão alto que destruiu o logotipo da Mônica e na nova versão, de 'Almanaque da Mônica Nº 33', de 2012, só mostrou o Cebolinha voando nas alturas, mas sem chegar envolver logotipo, e aparecem Cascão e Magali ao fundo em outra gangorra achando graça da situação. Outro detalhe interessante comparando as 2 versões, é que as posições em que Mônica e Cebolinha estão na gangorra estão invertidas.



Dessas capas, em todas gostei mais das versões que saíram nos gibis convencionais do que as dos almanaques. Em breve posto outras capas semelhantes aqui no Blog.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Tirinha Nº 34: Bidu

Uma tirinha envolvendo trocadilho, muito comum na época. Nela, o Duque pede uma vacina anti-britânica porque um outro cachorro, Fido, o acertou com uma chave inglesa. Afinal, britânico é da Inglaterra. 

Curioso que Fido é o nome do cachorro do Chico Bento. Ou é um cachorro qualquer com o mesmo nome ou, de certa forma, teve um crossover entre os personagens. Fica a critério de cada um. O Bidu ficou pintado bem claro, quase branco. Nos gibis da Editora Abril nos últimos anos, muitas vezes o Bidu era colorido dessa forma.

Lembrando que em 1986 era normal ter tirinhas de outros personagens sem ser do dono do gibi. Além do Bidu, era normal ter também tirinhas da Turma do Penadinho, Anjinho e Magali, isso quando não colocavam também, por exemplo,  tirinha do Cascão em gibi da Mônica.

Essa tirinha foi publicada originalmente em 'Cebolinha Nº 159' (Ed. Abril, 1986).


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Capa da Semana: Chico Bento Nº 26

Uma capa muito criativa com o Chico Bento tomando água de coco à beira do ribeirão e o Sol é estampado pelo logotipo da Editora Globo.

Quando as edições da Globo completaram 1 ano em janeiro de 1988, as revistas convencionais tiveram capas comemorativas fazendo piadas com o logo da Editora Globo. Além dessa, a da 'Mônica Nº 13' as bolas de aniversário foram  o logo da editora; a do 'Cebolinha Nº 13' o balão foi representado assim e no 'Cascão Nº 26', as bolas de malabarismo. Lembrando que só as capas foram comemorativas, as demais histórias todas normais para a sua época.

A capa dessa semana é de 'Chico Bento Nº 26' (Ed. Globo, Janeiro/ 1988).


sábado, 23 de janeiro de 2016

Os 25 anos do Genesinho


Em 1991 estreava o personagem Genesinho nos gibis. Em homenagem aos 25 anos de sua criação, nessa postagem falo sobre o Genesinho e da sua história de estreia.

Genesinho é o filho do Coronel Agripino, um menino rico, metido e orgulhoso que gosta de se exibir com seus bens materiais e tem uma queda pela Rosinha e causa ciúmes do Chico ela, além de fazer de tudo para separar o casal.

Nas histórias, o Genesinho faz planos infalíveis para separar o casal ou aproveita uma briga da Rosinha com o Chico e nesse momento, ele passa uma lábia para conquistá-la e separa o casal, mas seu plano sempre fracassa. Ou senão ele faz charme para a Rosinha, mostrando o que ele tem, ela cai na lábia dele e acaba passando sufoco precisando o Chico salvar. Lembra muito os desenhos do Popeye, onde a Olivia Palito ficava dando confiança ao Brutus e ela fica em perigo por causa disso e o Popeye tem que salvá-la. 

Têm histórias também que o Genesinho fica se exibindo, fazendo questão de dizer que é rico e dar inveja ao pessoal da vila que são pobres. Antes da sua criação, apareciam outros meninos secundários para histórias assim de causar ciúmes do Chico com a Rosinha. Com a criação do Genesinho, foi de forma fixa ele se aproximar da Rosinha. Raramente aparecia o filho do Coronel, sendo que tinha outros nomes, e não Genesinho, e normalmente mais histórias com contraste do rico e pobre.  

A estreia do Genesinho foi em janeiro de 1991 na história "Intrigas da oposição" de 'Chico Bento Nº 104'.  Abaixo, a capa desse gibi que marcou a estreia do Genesinho:

Capa de 'Chico bento Nº 104' (Ed. Globo, 1991)

Ele tinha traços diferentes do que vemos hoje. Apesar de ser loiro, ele apareceu com com olhos azuis redondos e com narigão. Nessa história de estreia, com 8 páginas no total, Genesinho arma um plano infalível para separar o Chico da Rosinha, fazendo com que a Ritinha invente que está com cisco no olho para o Chico assoprar e o Genesinho tira a foto escondido para a Rosinha pensar que o Chico estava beijando a Ritinha.

Trecho da HQ "Intrigas da oposição" (1991)

Genesinho mostra a foto para Rosinha, pensa que é verdade e fica furiosa e muito magoada, dizendo que não quer mais ver o Chico. Genesinho convida para dar uma volta, mas ela recusa, dizendo que quer voltar para casa. No caminho, Rosinha encontra o Chico e dá um gelo no Chico, que pergunta o que ele fez e Rosinha grita que não é para falar com ela e sai correndo chorando. Quando ela vai embora, Genesinho deixa um bilhete saindo da moita, que diz que adorou estar na companhia da Rosinha e que quer vê-la de novo na casa dela às 3 horas.

Trecho da HQ "Intrigas da oposição" (1991)
Chico fica encucado com o bilhete e resolve conferir se o Genesinho estava na casa da Rosinha. Diz que não desconfia dela porque a Rosinha nunca ligou para ele. Porém, quando enumera que o Genesinho tem olhos azuis, cabelos loiros e fortuna do pai, como coisas que o Genesinho tem e o Chico não tem, Chico vai correndo para casa dela.

Trecho da HQ "Intrigas da oposição" (1991)

Um pouco antes do Chico chegar, Genesinho está na porta da casa da Rosinha e diz que tem  uma coisa para mostrar para ela. Genesinho derruba a Rosinha, ela cai e o Chico chega bem na hora que o Genesinho está segurando para levantar, dando a entender que estão de mãos dadas. Chico toma satisfação da Rosinha, de trocá-lo por um cara mais bonito e mais rico que ele. Rosinha, por sua vez, quer saber porque o Chico beijou a Ritinha. Os dois começam a discutir e acabam se separando.

Trecho da HQ "Intrigas da oposição" (1991)

Genesinho tenta consolá-la e quando tenta dar um beijo nela, a Ritinha aparece cobrando a paçoca que ele ia dar se ela pedisse para o Chico assoprar um cisco no olho dela. Rosinha ouve e entende que tudo foi um plano do Genesinho para separá-la do Chico. Genesinho pergunta se acreditou, então, Rosinha diz para ele se aproximar por causa do beijo e acaba dando um forte tapa na cara do Genesinho. Rosinha corre atrás do Chico para pedir desculpas e eles fazem as pazes.

Ritinha cobra de novo a paçoca do Genesinho, que a manda ir embora senão faz ela virar paçoca. Genesinho reclama que depois de tudo não conseguiu nada e Rosinha interrompe falando que ele conseguiu deixar ela e o Chico mais unidos ainda, com eles de mãos dadas bem apaixonados.

Trecho da HQ "Intrigas da oposição" (1991)

Curioso que nos primeiros anos sempre colocavam "Genesinho, o filho do Coronel" quando se dirigiam a ele, para os leitores saberem a condição financeira dele. Como era personagem novo e com aparições ocasionais, eles precisavam colocar esse reforço que ele era o filho do Coronel.

Vale lembrar que essa história foi a primeira aparição de destaque da Ritinha, que passaria a ser personagem secundária, como amiga do pessoal de Vila Abobrinha. Não tinham muitas meninas contracenando com os personagens da Turma do Chico Bento e resolveram criá-la para fazer figuração. Mas a estreia da Ritinha foi mesmo nos anos 70 em alguma história do Chico, mas ficou sumida e voltou na história "Coisa séria", de Chico Bento Nº 85', de 1990 (em que Chico e Rosinha cismam em se casar na igreja, deixando padre Lino sem saber o que fazer), participando apenas, como madrinha do casamento do Chico e Rosinha.

Depois dessa história "Intrigas da oposição", o Genesinho ainda não ficou fixo como o filho do Coronel. O tipo de história era o mesmo, só que aparecia outro nome para o personagem e sempre com traços diferentes a cada história. Em duas ocasiões aconteceu isso: na história "A roupa não faz o caipira", de 'Chico Bento Nº 112', de 1991, sendo chamado de Belarmino. História do tipo da Rosinha se meter enrascada por ter dado confiança par ao filho do Coronel.

Trecho da HQ "A roupa não faz o caipira" (1991)

E em 'Chico Bento Nº 163', de 1993, na história "Quem é rico, quem é pobre?" foi chamado de Rufino. Em ambas fica a dúvida se era o Genesinho só que com outro nome ou foram outros personagens. E também apareciam outros personagens que apareciam ema só história para dar ciúme ao Chico como o Belindo Cesar, o primo da cidade da Rosinha, na história "O bocoió", de 'Chico Bento Nº 121' , de 1991.

Trecho da HQ "Quem é rico, quem é pobre?" (1993)

Em 'Chico Bento Nº 168', de 1993, na história "A botina de 7 léguas", o personagem voltou a se chamar Genesinho e agora de forma definitiva, porém ainda com traços diferentes. Nessa história, ele apareceu moreno com cabelo crespo e narigão.

Trecho da HQ "A botina de 7 léguas" (1993)

Na história "Natal Rural", de 'Chico Bento Nº 180', de 1993, o Genesinho apareceu com cabelos castanhos com topete grande e nariz pontiagudo grande.

Trecho da HQ "Natal Rural" (1993)

Já em "Amor brega", de 'Chico Bento Nº 187', de 1994, o personagem retornou com um visual completamente diferente, com cabelo laranja com topete arrepiado, olhos verdes com ponto preto no centro e sardas no rosto e detalhe de um estilo de traços bem fofinhos e mais delicado, assim como outros personagens dessa história.

Trecho da HQ "Amor brega" (1993)

Apenas na história "O castigo vem a carroça", de 'Chico Bento Nº 235', de 1996, exatos 5 anos após a sua primeira aparição que ele passou a ter traços fixos definitivos que a gente estamos acostumados. Então, ele passou a ser loiro com olhos verdes, olhos com riscos abertos iguais aos outros personagens e nariz pequeno. É que os personagens não são mais desenhados com narigão provavelmente para não ter bullying em relação a isso. Até o Chico não tem mais nariz grande como era, ficando feio os seus traços atualmente.

Trecho da HQ "O castigo vem a carroça" (1996)

Curiosamente, depois incorporaram que ele faz aniversário perto do Chico Bento. O Chico faz dia 1º de julho e ele dia 4, como foi falado na história "É o meu aniversário (e o dele também)", de 'Chico Bento Nº 299' de 1998.

Trecho da HQ "É o meu aniversário (e o dele também)" (1998)

Hoje em dia as características do Genesinho estão mais amenizadas ao longo dos anos por causa do politicamente correto,  a Rosinha não sofre mais tanto nas mãos dele, por exemplo, e não tem mais histórias com ele orgulhoso e causando inveja para os outros. Mesmo assim é um personagem legal e valeu a pena relembrar o personagem que está comemorando 25 anos de criação.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Almanaque do Louco Nº 10 - Panini


Nas bancas o novo 'Almanaque do Louco Nº 10'. Nessa postagem faço uma resenha sobre essa edição.

Esse 'Almanaque do Louco Nº 10' é de dezembro de 2015, mas com a distribuição precária da Panini só chegou agora em janeiro de 2016. Tem várias histórias clássicas da Editora Abril, coisa rara de republicar nos almanaques atuais. Só a história de abertura foi da Globo e tirinha republicada da própria Panini, já as demais só da Editora Abril. Achei uma grande surpresa, já que normalmente os almanaques atuais da Panini republicam histórias de toda as fases da Globo, entre 1987 a 2006.

Acho que resolveram colocar histórias da Editora Abril porque já republicaram quase todas as histórias do Louco da Globo nos números anteriores desse 'Almanaque do Louco' da Panini. Aí, para não republicarem histórias da própria Panini ou voltarem a colocar histórias já republicadas pouco tempo, evitando tanto repeteco, aí colocaram as da Abril.

A maioria delas, assim como as histórias republicadas da Globo nos almanaques atuais, são re-republicações e já saíram em Almanaques do Cebolinha da Editora Globo variando entre o "Nº 1" ao "Nº 20", mas tiveram 2 que não foram republicadas na Ed. Globo e não tenho e foi por isso que eu comprei essa edição. Antes, eu só tinha as edições "Nº 1" e "Nº 2", ambos de 2011, que comprei por serem primeiras edições de um título inédito.

As capas dos Almanaques do Louco "Nº 1" e "Nº 2" que eu tenho

Esse almanaque tem 14 histórias no total, incluindo a tirinha final. A relação de histórias republicadas, com número da edição original ou almanaque que foi republicada pela primeira vez e ano foram essas:
  1. O grande número ('Cebolinha Nº 127' - Ed. Globo, 1997)
  2. Apareça na TV ('Coleção Um Tema Só Nº 11 - Cebolinha e o Louco' - Ed. Globo, 1995)
  3. O recado ('Almanaque do Cebolinha Nº 17' - Ed. Globo, 1992)
  4. Louco pra espirrar  ('Almanaque do Cebolinha Nº 10' - Ed. Globo, 1990)
  5. Um disfarce muito louco ('Almanaque do Cebolinha Nº 1' - Ed. Globo, 1987)
  6. Louco à gasolina ('Cebolinha Nº 87' - Ed. Abril, 1980 / 'Almanaque do Cebolinha Nº 7' - Ed. Globo, 1989 / 'Coleção Um Tema Só Nº 11', de 1995)
  7. O Louco-Telefone ('Cebolinha Nº 90' - Ed. Abril, 1980 / 'Almanaque da Mônica Nº 25' - Ed. Abril, 1985)
  8. O Louco engravatado  ('Almanaque do Cebolinha Nº 8' - Ed. Globo, 1990)
  9. Uma história muito louca ('Cebolinha Nº 1' - Ed. Abril, 1973 / 'Almanaque do Cebolinha Nº 1' - Ed. Abril, 1978)
  10. Alô! Alô! Chamada para o Louco ('Cebolinha Nº 134' - Ed. Abril, 1984 / 'Almanaque do Cebolinha Nº 11' - Ed. Globo, 1990)
  11. Loucuras do Louco ('Cebolinha Nº 40' - Ed. Abril, 1976 / 'Cebolinha Nº 100' - Ed. Abril, 1981 / 'Almanaque do Cebolinha Nº 1' - Ed. Globo, 1987)
  12. Que loucura! ( 'Almanaque do Cebolinha Nº 20' - Ed. Globo, 1993)
  13. É muita loucura
  14. Tirinha (Turma da Mônica Nº 26 - Ed. Panni, 2009)

Abre com a história "O grande número" de 1997 em que o Cebolinha precisa contracenar com números gigantes apresentados pelo Louco, com várias piadas ao pé da letra. Essa foi a única da Ed. Globo e em seguida só histórias da Ed. Abril, variando entre 1973 a 1983. Tem, inclusive, a história de estreia do Louco, "Uma história muito louca", original de 'Cebolinha Nº 1', de 1973, de quando o Cebolinha o conheceu, quando fugiu do hospício.

A gente vê muitas diferenças no estilo das histórias, não só nos traços, incrivelmente bem desenhados, como também no comportamento dos personagens. O tipo de loucura, com tudo ao pé da letra é o mesmo , embora tinham mais absurdos do que hoje em dia, mas os personagens mexem com fogo, Cebolinha bate cabeça em poste, leva tombos fortes, entre outras coisas incorretas para os padrões atuais.

Trecho da HQ "Louco pra espirrar"

Dá para notar também que nas primeiras histórias dos anos 70, o Cebolinha era mais tolerante com o Louco. Apesar de sofrer com as loucuras, ele aceitava tudo numa boa. Já nas histórias dos anos 80, vemos o Cebolinha mais esquizofrênico, era impaciente e já ficava nervoso só vendo a presença do Louco e fazia de tudo para se livrar dele, além de histórias que ficava a dúvida se o Louco existia mesmo ou se era tudo imaginação do Cebolinha. Então, as dos anos 80 desse almanaque acho mais engraçadas.

Vemos também muitas histórias também do Louco cismando que o Cebolinha é alguma coisa (mais comum também nas histórias dos anos 80) e acontecia a loucura mesmo, como em "Louco a gasolina" em que o Louco confunde o Cebolinha como veículos. Nela, por exemplo, quando o Louco confunde o Cebolinha com avião e ele acaba voando, através do cabelo do Cebolinha, que vira hélice. E em "Alô! Alô! Chamada para o Louco!" , em que o Louco cisma que o Cebolinha é um telefone orelhão.

Interessante também ver coisas datadas, como personagens mexendo com máquina de escrever, falando de datilografia, televisão com tubo sem controle remoto, como aconteceu em "Apareça na TV", em que o Louco cisma que o Cebolinha tem que aparecer na TV, mesmo que ele não faça questão. Também vemos máquina de escrever em "Louco engravatado", em que o Louco surge com terno e trabalhando em um escritório como pessoa normal). Já na história "Alô! Alô! Chamada para o Louco!" tem orelhão ainda com ficha e ainda tem direito de cena incorreta com Cebolinha sendo queimado com fogo na bunda.

Trecho da HQ "Alô! Alô! Chamada para o Louco!"

Duas histórias não foram republicadas na Editora Globo. "O Louco-Telefone", de 1980, em que o Louco surge do telefone do Cebolinha, saindo através do gancho, causando muitas loucuras. E a história de encerramento, "É muita loucura", por volta de 1981, em que o Cebolinha encontra um elevador operado pelo Louco, sendo o gancho para várias loucuras. Nesta, inclusive, traços maravilhosos com direito a uma cena com várias imagens do Cebolinha e do Louco, para expressar movimento, que estava caindo aos poucos. Fantástico. Recurso também foi utilizado em "Louco pra espirrar", em que o Louco impede o Cebolinha de espirrar.

Trecho da HQ "É muita loucura"

A desvantagem desse almanaque que, como não podia deixar de ser, tiveram várias alterações em relação ás originais para seguir o padrão atual. É difícil encontrar algum almanaque que não tenha alteração e nesse tiveram várias, até por ser com histórias da Ed. Abril. Se mudavam na Coleção Histórica, que era para seguir o mais fiel dos gibis originais, imagine em um almanaque regular. 

Nesse encontrei 5 alterações. A primeira foi na história de abertura, "O grande número" com o pensamento do Cebolinha, que na original ele pensava errado e agora mudaram para ele pensando certo porque quem tem dislalia igual ao do cebolinha na vida real pensa certo.

Comparação da HQ "O grande número"

Em "Apareça na TV" mudaram o preço da televisão para adaptar a moeda atual. Na original, era vinte mil cruzeiros e agora mudaram para 2 mil reais na história toda. Interessante que quando foi republicada em 'Coleção Um Tema Só Nº 11 - Cebolinha e o Louco' (Ed. Globo, 1995), mantiveram o preço original da revista e a moeda do Brasil já era o Real na época. Seria melhor ter mantido o preço, a gente sabe que se trata de história antiga. 

Comparação da HQ "Apareça na TV"

Em "Louco à gasolina", teve mudança linguística. na revista original, colocaram "Que raio de ônibus é esse?" para deixar a linguagem mais informal e agora mudaram para "este" para ficar de acordo com a norma culta e, assim, tirando a informalidade da época.

Comparação da HQ "Louco a gasolina"

Em "Loucuras do Louco", mudaram a cor da roupa do Louco. Teve um período nos anos 70 que o Louco aparecia com camisa rosa e calça vermelha em vez do contrário que estamos acostumados. Para seguir o estilo atual, mudaram isso na história toda, ficando diferente da original. Na comparação a seguir, ainda deixaram de pintar o olho do Cebolinha de branco, como aparece na original. Primeira imagem tirada de 'Almanaque do Cebolinha Nº 1' (Ed. Globo, 1987).

Comparação da HQ "Loucuras do Louco"

Já em "Que loucura!" (em que o Louco tem um cachorro-quente de estimação que é brabo e late e o gancho para outras loucuras), tiraram as armas das mãos dos guardas que estavam prendendo os bandidos. Afinal, armas de fogo estão proibidas nas histórias atuais e eles mudam isso nos almanaques. Essa para mim foi a pior alteração da edição, já que não faz sentido guardas sem arma e ainda nessa circunstância, tirou todo o sentido da cena. Abaixo comparação, com imagem da original que eu tirei do 'Almanaque do Cebolinha Nº 20' (Ed. Globo, 1993).

Comparação da HQ "Que loucura!"

Como pode ver, esse almanaque é muito legal, resgata histórias clássicas que valem a pena. Só podia ter sido melhor se não tivessem tantas alterações em relação às originais, mas já era previsível isso quando republicam histórias antigas hoje em dia. Mesmo assim recomendo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Capa da Semana: Mônica Nº 37

Uma capa com a Mônica obrigando o Cebolinha a segurar sua barraca enquanto ela lê um livro na praia. Traços sensacionais e muito bom o efeito do Sol, que mais uma vez aparece personificado, rindo da cara do Cebolinha. Legal também o Sansão com óculos escuros. Detalhes que faziam a diferença.

Curiosidade que esse desenho não era novo, foi aproveitado da primeira metade dos anos 80, que saiu, inclusive, em passatempos da época, antes desse gibi ser lançado. É que com tantas capas para produzirem, eles aproveitavam às vezes imagens que haviam saído antes. Aconteceu isso mais nos primeiros números da Mônica da Editora Globo, mas em todos os títulos principais já aconteceram isso.

A capa dessa semana é de 'Mônica Nº 37' (Ed. Globo, Janeiro/ 1990).


sábado, 16 de janeiro de 2016

Saiba Mais Nº 100: Estúdio de HQ


Nessa postagem comento sobre a "Saiba Mais Nº 100", uma edição especial mostrando o estúdio da MSP e como faz as histórias hoje em dia.

Quando as revistas chegam ao "Nº 100" se tornam especiais pelo valor histórico do título alcançar essa marca. Como foi lançada em agosto de 2007, diferente das mensais principais que foram lançadas em janeiro daquele ano, a "Saiba Mais" só chegou a essa marca agora em dezembro de 2015 enquanto que os outros "Nº 100" foram em abril de 2015. Não sou de comprar "Saiba Mais", não gosto de histórias didáticas, mas comprei dessa vez por ser a "Nº 100". Antes dessa, só comprei a "Nº 60 sobre o Pelé" para ter a edição 'Pelezinho Número Zero' que veio de brinde; e as comemorativas "Nº 75 - Mônica 50 Anos" e a "Nº 82 - Magali 50 Anos".

A distribuição desse título que é horrorosa demais, não chega em todos os lugares. Aqui até a "Nº 82" vinha normalmente, depois começou a vir irregular, as vezes chegando e outras, nem sombra. Essa "Nº 100" é original de dezembro de 2015 não chegou aqui nas bancas, encontrei por acaso no início de janeiro de 2016 em uma livraria que só tinha 2 exemplares vendendo.

Edições Nº 60, 75 e 82 que eu tenho

Essa edição "Nº 100" segue o estilo das anteriores, com uma história, 4 páginas de passatempos e um jogo de montar. Os passatempos são relacionados ao conteúdo que foi falado na história e o jogo é um Bidu para recortar e montar.

A história, com 20 páginas no total, não faz referência em nenhum momento sobre a edição "Nº 100" da "Saiba Mais", mas fala que a história foi produzida para essa revista. Só na capa que deram um destaque maior ao número. Para ter algo comemorativo e aproveitando o aniversário de 80 anos do Mauricio de Sousa em 27 de outubro de 2015 fizeram essa edição. Na trama, Cebolinha leva um menino para conhecer o Mauricio de Sousa e o estúdio e ele conhece um pouco da carreira do Mauricio e como faz as histórias em quadrinhos mostrado por uma guia do estúdio, não mostrando qual nome dela. Também não falaram o nome do menino. 

Em relação a carreira do Mauricio foi falado brevemente em 2 páginas, afinal o foco era falar sobre como faz as histórias no estúdio. Deu para ver que tudo é digital agora e a edição serve para atualizar o que foi mostrado em livros como "Mônica 40 Anos" e outras histórias desse estilo que era tudo manual. Desenhos, arte-final, letras, tudo agora são feitos pelo computador. Eles não utilizam mais papel no estúdio nem para os desenhos. Apenas os roteiristas que fazem os rascunhos dos roteiros em papel. Recurso adotado oficialmente em 2013, já que nos "Extras" do livro "Ouro da Casa" de 2012, boa parte ainda era manual, inclusive as letras. Apenas as cores eram digitais e estavam começando a colocar traços digitais em algumas histórias.

Uma página de "Saiba Mais Nº 100 - Estúdio de HQ"

Na história dessa "Saiba Mais" procuraram intensificar as vantagens do material digital em relação ao manual, fazendo questão de dizer que o digital agiliza tempo e o trabalho dos profissionais, economiza papel, etc. E que o conteúdo das histórias e estilos de desenhos tem que seguir a "Filosofia Mauricio".  Algumas páginas tiveram fundo colorido em vez de branco para não dar contraste com as imagens dos roteiros mostrados que não foram coloridas.

Ela mostra crédito de roteirista, desenhista e arte-final na 1ª página, assim como estão fazendo nos gibis convencionais. Até pensava que a "Saiba Mais" não mostrava créditos na história por ainda não ter chegado ao "Nº 100". Sendo que no final do expediente ao lado da tirinha, mostra a ficha completa, mostrando todos os créditos de quem trabalhou nessa edição. Gibis com história única mostram os créditos da própria edição. Só achei não tinha necessidade de um "R" no rodapé para entender que o Cebolinha troca as letras, quando ele diz que troca os "eles" pelo "L". E podiam ter falado os nomes dos profissionais parodiados que contracenaram com o Cebolinha e o menino.

Depois da história e das 4 páginas de passatempos, tem 1 página de curiosidades que não foram mostradas na história, ressaltando, dentre outras coisas, que alguns profissionais ainda fazem desenhos e arte-final a mão. E mostra uma seção "Galeria do estúdio" mostrando uma cena do Astronauta com todas as etapas de uma história: roteiro, desenho, arte-final, letras, retículas e cor.

Uma página de "Saiba Mais Nº 100 - Estúdio de HQ"

Então, essa edição não está ruim, dá para se atualizar como faz as histórias hoje em dia, tudo com tecnologia. De fato, o digital ganha praticidade, mas sem dúvida perde em beleza, tudo fica sem vida, completamente sem arte, personagens com mesmas expressões. Acho que perde em tudo assim se tornando uma máquina de quadrinhos. Se conseguir encontrar vendendo esse exemplar, levando em conta essa péssima distribuição, e se quiser saber como os profissionais fazem agora as histórias da MSP vale a pena conferir. 

Diferente das 6 mensais principais da Panini, que tiveram suas numerações reiniciadas depois das edições "Nº 100", a partir de janeiro de 2016 a "Saiba Mais" não vai reiniciar a numeração, continuando normalmente na próxima edição "Nº 101", "Nº 102" e assim por diante, até resolveram cancelar. Lembrando que esse título tem distribuição muito irregular, poucas bancas vendem e como muitos títulos da MSP foram cancelados, não duvido que esse seria também. O que seria uma pena porque é um título didático que serve para crianças fazerem pesquisas escolares e sendo cancelado, provavelmente voltariam a ter histórias didáticas nos gibis convencionais.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Uma homenagem a Rosana Munhoz


Hoje completa 20 anos do falecimento da Rosana Munhoz, roteirista e desenhista que brilhou na MSP nos anos 80 e 90. Nessa postagem mostro uma homenagem a ela, uma das artistas mais importante da MSP e uma das mais lembradas até hoje.

Rosana entrou na MSP por acaso quando foi visitar os estúdios ainda criança com 9 anos de idade, o Mauricio de Sousa ficou encantado com os desenhos dela e pediu para que retornasse aos 14 anos. Com os desenhos cada vez mais aprimorados, não deu outra e o Mauricio a contratou para ser desenhista do estúdio no final dos anos 70.

Ela tinha desenhos com traços maravilhosos, com delicadeza e ricos em detalhes que encantavam todos. Fazia desenhos para as histórias, mas os que destacavam bastante eram as do Papa-Capim em que a selva era desenhada cheio de detalhes, que davam gosto de ver.

Por volta de 1984 passou a fazer de vez em quando roteiros de algumas histórias, no início mais do Papa-Capim, sendo que suas histórias eram também desenhadas por ela. Já por volta de 1985 se tornou roteirista oficial do estúdio e com cada vez mais roteiros produzidos por ela e, então, passou a fazer menos desenhos para as histórias. Fazia desenhos só para algumas histórias roteirizadas por ela. Abaixo, uma história do Papa-Capim roteirizada e desenhada por ela para conferir como era o estilo dela:

Trecho da HQ "Prenderam Tupã" ('Chico Bento Nº 50' -  Ed. Abril, 1984)

Rosana fazia vários estilos de histórias, sendo que de preferência eram mais voltados enredos com conto de fadas, magia, algo místico, os personagens enfrentando vilões malucos. Era comum também histórias de planos infalíveis dar nomes aos planos no título ou no enredo das histórias, como "O plano sangrento", "O Plano alimentício", etc. Outra coisa é que ela gostava era de incorporar pessoas da sua família ou seus amigos na vida real nas histórias, virando personagens, como aconteceu com a sua irmã Cleo e sua sobrinha Bianca, que viraram personagens e então se tornaram tia e prima da Magali, respectivamente, na história "De gato e sapato" de 'Magali Nº 46' (Ed. Globo, 1991).

Falando em Magali, ela era a personagem que a Rosana mais gostava e foi a grande responsável para a criação do gibi da Magali em 1989. Começou produzindo histórias solo da Magali nos gibis da Mônica dos anos 80 da Editora Abril e nos primeiros números da Globo para o pessoal ir se acostumando. Ela fazia muitas histórias para a Magali, quase todas as de abertura nos primeiros números foram feitas por ela, e foi a Rosana quem incorporou paródias de contos de fadas nas histórias da Magali, parodiando Branca de Neve, Rapunzel, Cinderela, etc. Antes da Magali, histórias de contos de fadas, também criadas pela Rosana a maioria, eram mais com o Cascão, mas claro que sempre podia ter com qualquer personagem. Abaixo, um trecho de uma história da Magali, escrita e desenhada pela Rosana.

Trecho da HQ "É um espanto" ('Magali Nº 44' -  Ed. Globo, 1991)

Foi ela também quem criou a personagem Denise, estreando na história "A Fina", de Magali Nº 5, de 1989. É que na época tinham poucas meninas para contracenar com a Mônica e Magali e aí criou a Denise para fazer esse papel. Era apenas para fazer figuração e sempre era desenhada diferente a cada história que aparecia.

Por ser uma artista importante, não demorou muito para Rosana também virar personagem nas histórias, assim como outros roteiristas e desenhistas da MSP. Histórias do tipo que mostravam bastidores do estúdio, ou senão aparecendo no final para concluir a história. Ou aparecia fazendo participação ou em algumas vezes até sendo protagonista das histórias. Claro que sempre mudando estilo de traços, de acordo com o desenhista e seguindo o visual que ela estava adotando em cada época.

A primeira vez que Rosana foi lembrada nas histórias foi "Rolo, o calouro", original de 'Mônica Nº 134' (Ed. Abril, 1981) e republicada em 'Almanaque do Mônica Nº 5' (Ed. Globo, 1988). Nela, um grupo raspa o cabelo e barba do Rolo por ter passado no vestibular e ele passa sufoco por isso. Nela, só aparece o nome da Rosana, junto com outros artistas da MSP da época que começavam com a letra "R" na lista dos aprovados do vestibular, junto com o Rolo. Eles gostavam muito de colocar nomes dos funcionários da MSP como homenagem quando citavam muito nomes nas histórias.

Trecho da HQ "Rolo, o calouro" (1981)

Depois teve a sua primeira aparição com seu desenho parodiado na história "Ponha-se no meu lugar", original de 'Cascão Nº 87' (Ed. Abril, 1985) e republicada em 'Almanaque do Cascão Nº 35' (Ed. Globo, 1996). Na trama, em que o Cascão faz o Mauricio virar personagem dentro da história em quadrinhos para ele sentir tudo que os personagem sofrem, a Rosana aparece no final, junto com outros roteiristas da época, falando que não entende porque o Mauricio só estava aprovando histórias sem violência, que era para poupar os personagens. Aparecem atrás dela os roteiristas Robson Lacerda, Rubão e Reinaldo Waisman e Lucia Nobrega.

Trecho da HQ "Ponha-se no meu lugar" (1985)

Na Editora Globo, ela foi protagonista da história "O casamento da roteirista", de Mônica Nº 18', de 1988. Na época em que ela se casou com o Airon, desenhista da MSP, fizeram essa homenagem a ela, com os personagens no casamento dela e eles tem que procurar o anel de casamento que havia sumido. Depois de muita confusão, o Bidu consegue encontrar o anel, eles se casam e a turminha aparece desurpresa no carro que o casal iam para a Lua-de-Mel, mas no final era tudo um sonho da Rosana, preocupada com o futuro casamento.

Trecho da HQ "O casamento da roteirista" (1988)

O casamento dela também foi tema de roteiro na história "Sem roteirista" do Bidu ('Cascão Nº 48', de 1988). Nela, em uma época que só tinha 3 roteiristas na MSP e mais o Mauricio, Manfredo avisa que não tinha roteirista na firma: Rubão estava doente, mais para lá do que para cá, Robson estava de férias e a Rosana se casou e estava em Lua-de-Mel, e o Mauricio viajando a negócios. e, como não tinha ninguém para fazer roteiro, Bidu tinha que se virar na história. No final, todos eles voltam, mas já era tarde porque a história estava acabando.

Trecho da HQ "Sem roteirista" (1988)

Em "História em quadrinhos" ('Cebolinha Nº 75', de 1993), em que o Cebolinha cria uma história em quadrinhos e ninguém dos seus amigos dá importância para o seu roteiro, Rosana aparece no final, encontrando o roteiro que ele havia deixado no lixo e achou muito bacana e que era uma ótima ideia para história em quadrinhos.

Trecho da HQ "História em quadrinhos" (1993)

Em "Ih! Mais um plano infalível, Cebolinha?!" ('Cascão Nº 183', de 1994), em que o Cebolinha faz o cascão se fantasiar de gênio da lâmpada para derrotar a Mônica, Rosana aparece no final, depois da história concluída, mostrando para o Mauricio para ver se ele aprovava. Mauricio reprova, achando que o começo era interessante, mas o final repetitivo. Rosana faz outra história de  plano, Mauricio comenta que estava de novo com outra história de plano e ela diz que aquele era infalível.

Trecho da HQ "Ih! Mais um plano infalível, cebolinha?!" (1994)

Em "O sugador de inspiração" ('Mônica Nº 85', de 1994), em que o Capitão Feio se passa por faxineira e suga a inspiração de todos os roteiristas da MSP com um aspirador de pó inventado por ele para eles não criarem histórias com o vilão se dando mal no final, Rosana aparece no decorrer de toda a história, junto com os outros artistas da MSP.

Trecho da HQ "O sugador de inspiração" (1994)

A história "A Pedidos..." (Mônica Nº 86', de 1994) brinca com o fato dela transformar seus amigos em personagens. Na trama, aparecem várias crianças se apresentando para Mônica e cebolinha. Quando a história estava cheia de gente, Mônica e Cebolinha gritam pela roteirista, querendo saber satisfação de tanta gente, e Rosana explica que é duro ter muitos amigos querendo se tornar personagens em quadrinhos, com todos eles adultos em volta dela.

Trecho da HQ "A pedidos..." (1994)

Em "Chico Bento Nº 200", de 1994, em que bandidos trocam o saco de dinheiro com exemplares da edição "Nº 200" do Chico, Rosana aparece junto com o pessoal do estúdio, indo para Vila Abobrinha levar o saco de gibis quando se esbarram com Chico e os ladrões. Além dela, foram mostrados os desenhistas Sidão e Julinho, o arte-finalista Beto e a coordenadora Fátima.

Trecho da HQ "Chico Bento Nº 200" (1994)

Infelizmente,  Rosana morre em 14 de janeiro de 1996, com apenas 32 anos de idade, interrompendo uma linda trajetória. Muitos pensam que a causa foi um acidente de carro, mas na verdade ela sofreu afogamento durante uma excursão que envolvia esporte radical. Ela caiu do bote de caiaque, mas ninguém percebeu por causa do barulho da água e então quando se deram conta, já era tarde. Muito triste. Para muitos, isso foi um divisor da MSP, pois depois da sua morte, coincidência ou não, a qualidade das histórias começaram a cair e foi adotado conceitos do politicamente correto.

Foram publicados 2 propagandas nos gibis de 1996, com textos do Mauricio, falando sobre isso. Em uma época que a internet estava começando, notícias da MSP eram divulgadas nos gibis. Uma dessas propagandas foi essa com o Mauricio falando de como a Rosana entrou no estúdio.

Propaganda tirada de 'Cebolinha Nº 112' (Ed. Globo, 1996)

A outra foi a relação que ela tinha com a Marina, filha do Mauricio, que mostro abaixo:

Propaganda tirada de 'Magali Nº 186' (Ed. Globo, 1996)

Interessante que já nos gibis de fevereiro de 1996 eles passaram a colocar umas cores mais escuras, tirando boa parte do degradê característico do segundo semestre de 1995, com destaque a um mesmo tom de marrom bem escuro para tudo. No sapato do Cebolinha ou uma árvore até que não ficava ruim, mas Papa-Capim, Raposão, Jeremias, por exemplo, eles ficavam negros e era muito estranho coloridos daquele jeito. 

Entre fevereiro a maio de 1996, os gibis ficaram com cores assim e depois retornaram com vários tons de marrom normais. Como os gibis são feitos com antecedência de pelo menos 3 meses então ou foi uma grande coincidência (visto que eles viviam mudando as cores dos gibis e então era normal ver essa diferença de cores em poucos meses) ou eles pediram a editora recolorir às pressas o marrom para dar esse aspecto de luto nos gibis.

trecho da HQ "Verde que te quero verde", de 'Mônica Nº 110', de 1996

Após a morte da Rosana, teve a emocionante "Mais uma estrela no céu", história póstuma em sua homenagem, publicada em 'Mônica Nº 113, de maio de 1996. Nela, Chico e Rosinha observam uma estrela brilhosa que pisca o tempo todo na presença deles e eles percebem que era a Rosana, que havia morrido, e lamentam que nunca mais ela ia escrever história deles.

Trecho da HQ "Mais uma estrela no céu" (1996)

Rosana também recebeu uma bonita homenagem da MSP em 2012 no livro "Ouro da Casa", em que o roteirista Lancast Mota cria uma história homenageando, falando que foi ela quem mostrou o estúdio quando ele visitou quando criança. Com detalhe que foi desenhada com asas para representar que era um anjo que estava no céu.

Trecho da HQ do Lancast Mota em "Ouro da Casa" (2012)

Uma dúvida dúvida que fica que, após a sua morte, até quando tiveram histórias da Rosana nos gibis. Até por volta de maio de 1996 com certeza tiveram por causa da antecedência dos gibis. Depois podem ainda ter tido algumas de acordo com o que encontravam. Vale lembrar que nos créditos do expediente, o nome dela apareceu até em 1999, quando mudaram o layout dos créditos e então atualizaram o nome do pessoal. É que os créditos eram padronizados e eles custavam a atualizar quando surgiam profissionais novos. O Emerson mesmo entrou na MSP em 1996, mas só passou a ter crédito no expediente em 1999, após essa mudança de layout. Então, não se sabe se em 1999 ainda tinha histórias da Rosana nos gibis.

Sendo que em 2015 já na Editora Panini, as edições da 2ª série do 'Cascão Nº 5' e 'Mônica Nº 7', colocaram histórias de abertura arquivadas da Rosana. Foram as histórias "Cascão Ramsés (aquele que nunca lavou os pés)", do Cascão e "Será que o seu signo não combina com o meu?", da Mônica. Lembrando que foi apenas o roteiro, já que os traços e letras infelizmente seguiram o estilo atual. 

Pelo menos no Cascão o motivo disso deve ser porque a história de mais de 30 páginas era muito grande para sair em um gibi convencional dele de 36 páginas, aí arquivaram e resolveram colocar agora, aproveitando o sucesso da novela "Os Dez Mandamentos" da TV Record que estava no ar. Prova, então, que material antigo que não foi aprovado na época pode ser arquivado e aproveitado anos depois. Quem sabe possam vir outras histórias da Rosana arquivadas ainda de vez em quando, levando em conta isso.

Capas de 'Cascão Nº 5' e 'Mônica Nº 7' de 2015: gibis com histórias da Rosana

Uma pena a Rosana ter morrido tão cedo, uma grande perda, sem dúvida. Podia estar fazendo histórias e desenhos incríveis até hoje. Claro, que infelizmente teria que atender ao politicamente correto, teriaalguma diferença de roteiros em relação às suas histórias dos anos 80 e 90, mas com certeza seriam especiais assim mesmo. Fica então essa homenagem a essa artista que marcou a MSP.