terça-feira, 16 de abril de 2024

Cebolinha: HQ "O Supercérebro"

Em abril de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "O supercérebro" em que o Cebolinha fica inteligente depois de levar choque de um fio de uma invenção de robô do Franjinha. Com 16 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 88' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Cebolinha Nº 88' (Ed. Globo, 1994)

Cebolinha convida seus amigos para um plano infalível contra a Mônica, inclusive a Magali e o Bidu, e todos recusam. Cebolinha reclama que convidou todo mundo e ninguém topa, faltaria a Mônica, que não aceitaria por motivos óbvios, quando lembra de que faltou convidar o Franjinha, quando estava em frente ao laboratório dele. 

Quando entra no laboratório, Cebolinha vê que o Franjinha estava terminando a sua última invenção, o Robotildo, o supercérebro, para ajudá-lo na lição de casa da escola. Na caixa tinha um disquete com toda informação de 10 enciclopédias, 20 almanaques e a coleção completa do "Sherloque Bolmes". Cebolinha caminha para lembrar Franjinha do plano infalível e enrosca fio descascado da caixa na perna e quando o Franjinha conecta o fio no robô, Cebolinha leva um choque grande e fica tonto. Franjinha pede para ele voltar outra hora porque as invenções podem ser perigosas.

Na rua, Cebolinha passa a falar difícil ao comentar as experiências do Franjinha e percebe que o choque o fez ficar diferente. Agora sabe por que o céu é azul, que respira oxigênio e libera gás carbônico, tudo sobre o sistema solar e de todas as matérias escolares e idiomas a até lorota de cegonhas trazerem os bebês. 

Cebolinha fala frase de "Ser ou não ser, eis a questão" de Shakespeare, em inglês e Cascão acha que ele apanhou da Mônica, não fala coisa com coisa. Cebolinha chama Cascão de fedelho, Cascão diz que o vento nem está soprando a favor e Cebolinha diz que fedelho é rapazola pueril, garoto imberbe. Cascão pergunta se ele engoliu o dicionário. Cebolinha responde  que tem supercérebro e Cascão ri que até hoje ele usou identidade secreta.

Cebolinha se irrita e manda perguntar qualquer coisa. Cascão pergunta com quantos paus fazem uma canoa e Cebolinha responde que para canoa de porte médio, 321 tábuas de peroba braba são suficientes. Cascão acha que está gozando dele e Cebolinha manda consultar enciclopédia se não acredita. Aparece a Magali perguntando o que acontece. Cascão diz que o Cebolinha pensa que é superinteligente. Magali diz que pelo menos desistiu de planos infalíveis contra a Mônica e ele diz que vai ser "sopa no mel" derrotar a dentuça com o seu supercérebro e que pretende consertar as coisas lá, como acabar com a gulodice da Magali e o cheiro desagradável do Cascão, coisas que tanto o incomoda.

Com a Magali, tem a sabedoria oriental que pressionando dedo em uma parte do corpo, inibirá a fome. Ele pressiona o braço dela acima do cotovelo, fazendo com que a Magali perca a fome. Cascão foge e sobe em árvore pensando que o Cebolinha ia dar banho nele, Cebolinha coloca um pozinho com mistura de elementos químicos em uma lata de lixo, fazendo com que ela fique toda limpa e Cascão corre, sem chance do Cebolinha alcançá-lo. Depois, ele resolve acabar com a força da Mônica e corrigir seu jeito de falar porque não fica bem um gênio trocando os erres pelos eles.

Franjinha pergunta para o Cascão se viu o Cebolinha porque descobriu que ele adquiriu todo o conhecimento do Robotildo e em troca o robô está com a inteligência normal do Cebolinha, descobriu depois que o Robotildo sugeriu um plano infalível para tirar dez na prova e ele tirou zero. Cascão fala que o Cebolinha está pirado, quer consertar tudo a todo custo. Franjinha acha que é muito conhecimento para cabeça dele e isso se tornou frio, desencantado, insensível e isso pode piorar. Robotildo sugere criarem um plano infalível contra o Cebolinha, Franjinha põe esparadrapo na boca do robô e vão procurar o Cebolinha.

Enquanto isso, Cebolinha manda Mônica ficar parada e fechar os olhos que logo a donzela terá tudo que merece e Mônica diz que não resiste com o jeito de ele falar. Cebolinha se prepara para jogar uma pedra bem grande em cima da Mônica, comparando que o "Superomão" perde força com pedra de criptonita. Franjinha e Cascão chegam e o seguram. Franjinha coloca fio no cabelo do Cebolinha e recebe choque, transferindo sua inteligência para o Robotildo e ele volta a ter o seu conhecimento normal. 

Magali aparece, voltando com a sua fome grande, e explica que o efeito durou alguns minutos e manda Cebolinha não tocá-la mais. Ele não entende o que aconteceu e vai procurar alguém para participar do plano infalível contra a Mônica. Cascão aceita participar, encosta sem querer na armadilha, fazendo quase a pedra atingir a Mônica, que bate neles, e no final, Cascão fala que o Cebolinha assim é menos perigoso.

História legal com várias reviravoltas em que o Cebolinha fica inteligente depois de levar um choque quando o Franjinha iria transportar o conhecimento da caixa com disquete para o seu robô. Já inteligente, resolve criar planos infalíveis contra a Magali, o Cascão e a Mônica para se livrar do que sempre o incomodou. Franjinha descobre e consegue impedir o Cebolinha praticar seu plano contra a Mônica e ele volta ao normal.

A inteligência subiu a cabeça do Cebolinha e se tornou malvado, se usasse a inteligência para o bem, seria válido, mas só queria chatear seus amigos criando planos contra eles. Ficou tão mal que queria matar a Mônica jogando a pedrona nela, na sua inteligência normal, queria derrotá-la, mas não a ponto de matar. 

Foi engraçado ver o Cebolinha levar choque e depois descobrir que ficou inteligente, Cascão debochar da inteligência do amigo, formas do Cebolinha de tirar fome da Magali só apertando perto do cotovelo dela e tentar limpar o Cascão só com um pó com misturas de elementos químicos e com absurdo de encontrar os ingredientes e preparar em questão de segundos e a Mônica se interessar pelo Cebolinha inteligente e a chamar de donzela. 

Bem divertido também o mistério inicial do narrador-observador perguntando qual motivo o Cebolinha estava convidando seus amigos, que recusavam, se era dinheiro emprestado ou injeção na testa. Já dava para imaginar que era um plano infalível contra a Mônica, curioso o desespero tão grande a ponto de ele convidar as meninas como a Magali e a Denise e até o Bidu, que também recusou. Todos sabem que os planos dão errado e que é loucura participar, só Cebolinha para insistir nisso. 

Cebolinha já estava na fase de criar planos contra o Cascão para lhe dar banho e contra a Magali para tirar a fome dela, além contra a Mônica. Estava bem frequente histórias assim na época, principalmente planos contra a Magali, não era à toa que estava aumentando a frequência dele nos gibis da Magali. De qualquer forma, os planos sempre davam errados só que ele apanhava no final só com planos contra a Mônica.

Além de divertir, tivemos conhecimentos de várias palavras difíceis e informações sobre a cor do céu, sistema respiratório, com quantos paus faz uma canoa etc. Engraçado o Cebolinha dizer que era tudo lorota dos pais dizerem que são as cegonhas que trazem os bebês e a cara que ele fez, as crianças que leram podem ter ficado curiosas de como nascem os bebês depois de ele falar isso. 

As paródias de nomes famosos dessa vez foram "Sherloqui Bolmes" (Sherloque Holmes), e "Superomão" (Super-Homem), bem criativos, sendo que essas paródias eram fixas nos gibis da MSP. Já Shakespeare não teve nome parodiado, só saiu com "L" no lugar do "R" por causa da dislalia do Cebolinha.

Incorreta atualmente por mostrar Cebolinha mau, um vilão com inteligência subindo a cabeça a ponto de até querer matar a Mônica, o choque que ele levou, meninos surrados e com olhos roxos no final, a palavra "gozado", que é proibida nos gibis atuais, ter disquete que é coisa datada. Aliás, incrível um disquete caber tanto conteúdo de enciclopédias, almanaques e coleção completa de livros do "Sherloqui Bolmes" porque tinha pouca capacidade de armazenamento, era a mídia que tinham em computadores na época, hoje altamente datado e mudariam isso em republicação para um pen drive, no mínimo, por não gostarem de coisas datadas em almanaques. Alterariam também o Cebolinha falando errado em pensamentos, já que hoje em dia o colocam pensando certo em pensamentos.

Os traços ficaram muito bonitos e caprichados, típicos dos anos 1990. Tiveram erros do Cebolinha com língua branca no 3° quadrinho da 5ª pagina da história (página 7 do gibi), Franjinha com camisa verde no 2º quadrinho da penúltima página da história, Cascão falar de boca fechada no 4° quadrinho da última página, tipos de erros muito comuns que costumam corrigir em republicações de almanaques novos. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

sábado, 13 de abril de 2024

Mônica: HQ "Viva o outono!"

Estamos no outono no Brasil e, então, mostro uma história em que a Mônica convida os amigos para verem as folhas de outono caírem e cada um deles dá um motivo para não gostarem da estação e não sair com ela. Com 7 páginas, foi história de encerramento de 'Parque da Mônica Nº 67' (Ed. Globo, 1998).

Capa de 'Parque da Mônica Nº 67' (Ed. Globo, 1998)

Escrita por Emerson Abreu, começa com a Mônica em frente à casa da Magali chamando para ver as folhas caírem. Magali não entende e pergunta sair para fazer o quê. Mônica fala que estão no outono, época que as árvores deixam cair as suas folhas, colorindo toda a grama com um lindo tom de laranja e marrom. Magali diz que é para ter cuidado com o que está embaixo das folhas porque o tom de marrom pode não ser aquilo o que ela pensa. Mônica reclama que desse jeito ela tira toda a poesia da estação e Magali responde que ela devia ver como foi poético limpar caca de vira-lata da sandália dela.

Mônica vai embora e resolve chamar o Cebolinha, que está abatido e com termômetro na boca, e Mônica bate nele, pensando que é um ET e é para chamar o "Arquivo Giz" ("Arquivo X") e puxa o cabelo dele. Depois de Cebolinha dizer que é ele, Mônica pergunta se ele morreu. Cebolinha responde que pegou gripe, estava acostumado com o calor do verão e com a mudança de clima após a chegada do outono pegou gripe e não pode sair de casa. Mônica fala que ele está ótimo, parece um ator da novela "Palhação" ("Malhação"). Cebolinha acha que está melhor e tosse bem alto e sem parar em cima dela.

Mônica acha que o Cebolinha é delicadinho por ficar doente no outono e lembra que o Cascão não é delicado como a Magali e o Cebolinha e vai chamá-lo. Mônica pergunta ao Cascão se ele é delicadinho. Cascão diz que de vez em quando, na hora de dormir, tem medo de escuro, mas abraça bem forte a sua minhoca de pelúcia e manda o medo para longe dele. Mônica disfarça, dizendo que acha que isso não é ser delicadinho e o convida para ver as folhas de outono e ele recusa. 

Mônica quer saber por que não, Cascão abre o guarda-chuva e cai uma pancada de chuva em cima da Mônica e para e Cascão responde que é por isso, essas chuvas rápidas agora vem e vão sem dar aviso e prefere não sair de casa. Mônica acha um absurdo, cai outra chuva do nada e para e Cascão fala que é o tal "El Niño".

Depois, Mônica se pergunta o que está acontecendo com a turma, o que veem de errado com o outono, é tão poético ver as folhas caindo, quando todas as folhas da árvore cai em cima dela. Cai chuva forte sem parar dessa vez, Mônica acha que uma chuvinha de vez em quando faz mal nenhum e fica gripada, depois pisa em um cocô no chão e no final pergunta se ainda vai demorar muito para o inverno chegar, acabando seu amor ao outono.

História boa em que a Mônica convida seus amigos para verem as folhas de outono caírem, mas cada um não gosta do outono e não aceita sair com ela. Magali por conta de má lembrança de limpar cocô de passarinho na sandália, Cebolinha por estar gripado e Cascão por causa das chuvas repentinas. No final, Mônica sofre acontecendo tudo com ela o que seus amigos tinham medo (chuva, gripe e pisar em cocô) e passa a odiar o outono, que antes era tão poético para ela. Quem gosta de ver a Mônica se dando mal foi um prato cheio.

Coitada da Mônica que só queria curtir as folhas caírem na companhia de alguém e seus amigos não colaboraram e ainda aconteceu de tudo com ela no final. Foi engraçado os diálogos dela com cada um deles, Magali foi bem realista em que tons marrons caindo do céu podem não ser o que Mônica pensava, ver Mônica espancando e puxando cabelo do Cebolinha achando que era um ET, Cascão bem precavido com a chuva e jogando na cara da Mônica que não ia ver as folhas caindo, absurdo de todas as folhas da árvorecairem ao mesmo temponela e tudo que ela sofreu no final.

Coitado também do Cebolinha  apanhar sem merecer e nem ter aprontado com ela. Fica a dúvida quando o Cebolinha tossiu forte para a Mônica se foi de propósito para ela ir embora ou se realmente ele tinha piorado da gripe e ou ainda ter crise de tosse após o elogio. Teve até o exagero do telhado da casa subir por causa da tosse tão alta. A onomatopeia teria que ser "Cof! Cof!", mas acredito que colocou "Tosse! Tosse!" para mostrar que era mais intenso e mais alto que uma tosse normal. O Cebolinha gripado trocou letras de quase todas as palavras por estar com um som nasal, interessante que deixaram a palavra "cliba" em negrito e as outras relacionadas à gripe, ficaram normais. 

Foram boas as paródias do "Arquivo Giz" (seriado "Arquivo X") e "Palhação" (novela "Malhação"), programas de TV que estavam em alta na época. Sempre foram criativos nas paródias com os famosos. Inclusive, sobre "Arquivo X", tiveram várias histórias próprias parodiando o seriado entre 1997 a 1999, quando estava em alta aqui no Brasil, isso quando não era só citado nas histórias como foi nesta.

A Mônica chamar os amigos de "delicadinhos" após a recusa deles, é o mesmo que falar que são frágeis, frescos e ela ter uma certa homofobia, principalmente na ironia e cara que fez depois do Cascão dizer que têm medo de escuro e dorme agarrado com sua minhoca de pelúcia. História é marcada pelo meme de internet do quadrinho que a Mônica convida o Cascão para ver as folhas e ele responde que não, em que no meme editado colocam a Mônica fazendo uma pergunta qualquer e colocam o Cascão falando palavrão para ela como resposta.

Teve um lado informativo ao Cebolinha dizer que a mudança de clima que fez ficar gripado, não é o frio que causa gripe e, sim, a mudança brusca de temperatura, pessoa estar em um lugar quente e entrar ou sair em local gelado com ar-condicionado forte, ou vice-versa. E também de ter noção sobre o "El Niño", fenômeno meteorológico de aquecimento excessivo da Terra que volta e meia atinge o planeta inteiro. O "El Niño" estava em evidência em 1997, todos passaram a entender o que se tratava, e o roteirista quis incluir como a atualidade da época.

Deu para notar que nesta história todos os personagens estavam mais eufóricos, saltitantes, sarcásticos da mesma forma, discursandoe violentos, espancando sem motivo como deslize deles. Com o Emerson, todos os personagens ficavam assim, por isso até a Magali ficou assim sarcástica além da conta, o que não é muito comum com a personalidade dela. Dessa vez ele não deixou os personagens com linguinha para fora com frequência, quando outro personagem falava bobeira ou piada infame, nessa personagens só olhavam oara os leitores em situações assim, mas acabou tendo uma certa careta do Cebolinha com ele gripado. No início, o Emerson fazia histórias mais curtas e podiam ser até de miolo e também fazia histórias para qualquer personagem ou núcleo de personagens, aí depois o estilo dele foi com histórias de aberturas longas e só criava com Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, e muito raramente com Chico Bento, além das caretas exageradas dos personagens. 

Os traços ficaram bons, típicos da segunda metade dos anos 1990, Cebolinha ficou diferente gripado, mas até que faz sentido nesta história. É incorreta atualmente por violência da Mônica espancar o Cebolinha com coelhada e puxar os fios de cabelo dele quase arrancando, e ainda sem ele ter feito nada contra ela, homofobia da Mônica e chamar amigos de "delicadinhos" com desdém, Mônica pisar em cocô. Teve absurdo do termômetro ficar voando enquanto Mônica bate e puxa o cabelo dele e depois o termômetro volta para boca dele, não sabe se foi erro ou de propósito, talvez fizessem hoje correção nesse detalhe para tirar o absurdo. 

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Mônica e Magali: HQ "Invejinha"

Mostro uma história em que a Mônica sentiu inveja da Magali porque é gorda e a Magali ccome de tudo exageradamente e não engorda. Com 9 páginas, foi história de abertura de 'Magali nº 85' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Magali Nº 85' (Ed. Globo, 1992)

Mônica se assusta quando vê na balança que engordou 2 quilos, ainda mais que na semana a mãe fez macarronada, pavê e pizza. Magali diz que não é para esquentar, logo ela volta ao normal e  depois Magali se pesa e continua o seu peso normal de 15 quilos. Mônica acha pouco e Magali lembra que havia comido antes 3 lasanhas, 5 tortas, uma travessa de maionese, melancia, pão.

Em seguida, Magali vê um vendedor de sorvete e pergunta para Mônica se ela vai querer também. Mônica até aceitaria, mas ao lembrar da balança rindo, indicando que vai ganhar mais peso, ela recusa. Magali pede 5 sorvetes, ainda oferece para Mônica, que recusa por engordar só de sentir o cheiro. Depois, Magali come 4 cachorros-quentes e bebe um garrafão de refrigerante. Mônica leva Magali para se pesar de novo na balança e ela continua com 15 quilos.

Mônica quer saber o segredo de ficar sempre magrinha e Magali responde que não tem segredo, ela é assim e deve continuar magrinha a vida inteira. Mônica imagina Magali e Denise adultas, com Denise elogiando que Magali está esbelta e ela diz que foi contratada para ser modelo e ainda continua comendo muito como na infância. Depois, Denise vê Mônica obesa, pergunta se ainda estava fazendo regime e Mônica responde que estava, mas ao comer duas azeitonas deu nisso e Denise fala que ela está um caco.

Mônica acorda e as meninas vão brincar no parquinho. Magali pede para Mônica empurrar no balanço e Mônica diz que não vai dar, as mãos dela são muito delicadas. Magali pede para o Xaveco, que aceita e fala que ela é levinha. Mônica pede para o Xaveco empurrá-la e ele fala que outra hora por já estar indo, como desculpa para não empurrar por Mônica ser pesada.

Quando vão brincar de gangorra, Mônica fala que não vai dar porque ela tem peso normal e como Magali era tão magrinha, que não teria força suficiente para fazer subi-la. Fala também que por um lado é bom ser magricela, como não precisar abrir a porta, só passar por baixo, se não quiser que a vejam, só ficar de perfil, economiza na roupa já que uma meia pode virar suéter, mas pode ter alguns apelidos como palito, cotonete, pau-de-tirar-tripa, só não é para ligar, sempre vai ter alguém que goste de uma menina esquelética.

Magali chora e Mônica se desculpa, falou por despeito e por ter sentido invejinha porque Magali come, come e está sempre elegante e ela vai ficar uma barrica. Magali fala que tem ter mais autoconfiança nela, está ótima e jura se ela não falar que está esquelética. Mônica diz que ela é uma amigona e sabe que nunca teria inveja dela, por isso se sente envergonhada. As amigas fazem as pazes e, enquanto caminham, um menino elogia as pernas grossas da Mônica e no final Magali fica com invejinha porque gostaria de ter as pernas como da Mônica. 

História legal em que a Mônica fica com inveja da Magali comer muito e continuar magrinha enquanto ela é gorda. Tentou provocar a Magali com as desvantagens de ser magra, mas se arrependeu e as amigas voltaram a ficar de bem. Só que a Magali acabou sentindo inveja da Mônica no final por ter perna grossa e ela não, coisa que a Mônica nunca imaginaria que a Magali teria inveja dela, e Magali nem seguiu os próprios conselhos de autoconfiança que havia acabado de passar para a Mônica. 

História envolve a característica da Magali de comer muito sem engordar, era muito comum esse tema e sempre eram divertidas. Além de se divertir, ainda dá pra refletir sobre problemas do gordos na vida real e as cobranças que têm da sociedade de o padrão de beleza de ser magro. Pior quando são as crianças que são gordas serem cobradas pelos outros, inclusive pelos próprios pais, e se sentirem tristes por isso, e a história ajudou nisso das crianças que se sentem gordas para não ligarem e aceitar que é normal e são bonitas de qualquer jeito.

Foi muito engraçado ver a reação da Mônica de ver a Magali comendo sem engordar e ela dizer que engorda só de sentir cheiro, a Mônica pensando na balança rindo de que ela ganharia mais peso ao tomar sorvete, a imaginação delas adultas com a Magali esbelta e a Mônica obesa, o Xaveco não empurrar a Mônica no balanço por ela ser gorda e pesada e as falas da Mônica fazendo bullying da Magali magricela e ainda se imaginar com chifres de Diabo, se achando diabólica. 

Mônica disse que tinha mãos delicadas, na verdade, se empurrasse a Magali no balanço, ia fazer com que ela fosse parar longe com sua superforça, sem querer foi até um favor. Gostava também quando mostravam os personagens como adultos em pensamentos sendo um futuro imaginário deles ou até mesmo passarem os anos e eles crescerem para mostrar a piada final, aí cada desenhista deixava o visual dos personagens adultos de acordo com a sua visão. E os pensamentos e sonhos em tons azuis e verdes, diferente da colorização normal, davam um charme a mais.

Interessante mostrar que a Magali tem 15 quilos, realmente é pouco na média para uma criança de 6 anos, pena não mostrar o peso real da Mônica, só uma noção comparado ao que mostra na balança. Interessante também de dizer que a Mônica é gorda e a Magali é magra, os meninos chamarem Mônica de gorducha, mas todos são desenhadas com corpo da mesma forma. Nessa história mesmo, as duas foram desenhadas fofinhas iguais, só em alguns quadrinhos que a perna da Magali saiu ligeiramente mais fina para mostrar que a Mônica tinha perna maior, mas pouca coisa. Até anos 1970 de fato a Magali era desenhada mais magra que os outros, depois todos foram desenhados com porte de corpo iguais, inclusive os meninos, e atualmente na era digital de "copiar e colar" desenhos prontos, aí que são idênticos mesmo.

Incorreta atualmente por mostrar crianças com inveja, menosprezar gordos e magros, Mônica fazer bullying de Magali magricela e até ela se imaginar obesa como coisa ruim, assim como a Magali comendo exageradamente, o menino dar cantada na Mônica e ela ser sensual. Os traços da fase clássica muito caprichados que davam gosto de ver. Teve erro de texto de falarem "balança" em vez de "balanço" ao mostrar o brinquedo na 5ª página da história (página 7 do gibi).

domingo, 7 de abril de 2024

Tirinha Nº 103: Cebolinha

Nessa tirinha, o Cebolinha está em um deserto e pede água para o seu anjo da guarda para matar a sede e o anjo joga toda a água de um balde, não sendo bem como o Cebolinha imaginava em ser ajudado por um anjo com má vontade.

Normalmente era o Anjinho que servia como anjo-da-guarda de toda a turminha, mas ás vezes apareciam outros anjos no lugar de acordo com o roteiro, podendo até ser um anjo sósia do personagem. Hoje em dia é só o Anjinho fixo como anjo da guarda deles.

Tirinha publicada originalmente em 'Cebolinha Nº 34' (Ed. Globo, 1989).

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Chico Bento: HQ "Lobichico"

Mostro uma história em que o Chico bento vira lobisomem após levar uma mordida no nariz de uma cadela. Com 8 páginas, foi história de abertura publicada em 'Chico Bento Nº 33' (Ed. Abril, 1983).

Capa de 'Chico Bento Nº 33' (Ed. Abril, 1983)

Chico Bento ouve um choro atrás da moita enquanto caminhava na chuva, vê que era uma cadela e a leva para casa dele. Coloca um cobertor na cadela para protegê-la do frio e lhe dá comida. Ela come tudo e dá uma mordida no nariz do Chico como forma de agradecer e ele diz que se estava ainda com fome, era só falar e não entende da cadela dar mordida e agradá-lo depois.

A chuva para e Chico sai para ir para o ensaio do coral da igreja e estava atrasado. No caminho, Chico coça o nariz com os pés e anda que nem um cachorro. Ele não entende por ter andado assim, tenta andar de pé e não consegue e vai pedir ajuda ao padre. Chegando na igreja, o padre reclama do atraso do Chico para o ensaio, manda colocar a roupa de coral e que não adianta vir com o rabo entre as pernas.

Chico caminha de quatro com rabo pela igreja, o padre quer saber por que foi fantasiado para o coral enquanto Chico vestia a roupa. Quando acaba de vestir, veem que o Chico se transformou em um Lobisomem. Todos saem correndo da igreja com medo, Chico tenta ir atrás, só que homens tentam atirar com espingarda no Chico, que foge deles. A cadela segura o Chico atrás da moita e consegue se livrar deles. Chico lamenta ter virado Lobisomem, nem os pais não vão querer saber dele, quando aparece a Rosinha, que desmaia ao vê-lo assim. 

A cadela, apaixonada, puxa o rabo do Chico para dar atenção a ela, Chico dar um chute nela, dizendo que estava cuidando da Rosinha e achando que ela era enxerida. A cadela morde o rabo dele e vai embora chorando enquanto o Chico volta ao normal. Enquanto corre, a cadela se transforma em em menina e Chico vê e descobre que era uma "lobismulher". Rosinha não entende e Chico volta para o coral da igreja. No final, já em casa, Chico fica uivando, olhando a menina que era cadela que estava em frente à casa, mas diz ao pai que é ensaio para o coral da igreja e Seu Bento acha que a música é esquisita.

História legal em que o Chico Bento se transforma em lobisomem (ou por que não "lobismenino") depois de levar uma mordida de uma cadela que era uma "lobismenina" e apaixonada por ele. Passa vários sufocos até voltar ao normal depois da cachorrinha dar mordida nele por não ter gostado de ser trocada pela Rosinha. Depois de ter descoberto tudo sobre a cadela, fica uivando para ela no final.

A cadela foi uma mistura de "lobismulher" com vampira já que a mordida que fez com que o Chico se transformasse em lobisomem e mordida no rabo o fez voltar ao normal. Mordeu como agradecimento do Chico a ter ajudado a sair da chuva e por ter gostado dele e seria melhor que ele fosse um lobisomem para que lhe fizesse uma companhia melhor. Deu uma pena dela no final, não se deu bem e só apareceu nessa história. Chico acabou traindo Rosinha vendo a menina bonita, na época, as vezes, ele tinha interesse por outras meninas mesmo a Rosinha já sendo sua namorada oficial.

Vimos que a transformação do Chico foi devagar, a princípio parecia um cachorro até transformar em um lobisomem de verdade na frente do padre. Engraçado ver o Chico coçando nariz como cachorro coça pulgas, andando de quatro, aparecer rabo, a reação do padre ao vê-lo como lobisomem, a fuga com os homens atirando, definitivamente Chico passou bastante sufoco.

Eram comuns histórias de personagens se transformando em alguma coisa nos anos 1980 e 1990, sempre eram divertidas e tinham um motivo diferente para tal transformação. O Padre Lino ainda não tinha nome nos primeiros anos dos gibis do Chico Bento, era chamado só de padre. Nessa, ele até teve traços do jeito que a gente conhece hoje, mas ele era desenhado diferente a cada história. Parece que depois gostaram mais desses traços do Padre Lino e permaneceu assim. E nota-se que ele era bem grosso e impaciente com o Chico, brigava com ele por qualquer coisa.

Deu para notar que o caipirês do Chico era diferente nos primeiros gibis do Chico, com destaque com palavra "mió" que depois mudaram para "mior" e palavras com gerúndios ele falava, por exemplo, "tremeno", "correno", "aconteceno", etc, que depois deixaram o gerúndio correto com terminação "-ndo". Adotaram caipirês a partir de 1980 e em 1983 ainda estavam fazendo experiências, ficou mais parecido com o que vemos atualmente a partir de 1985, mas ainda nos anos 1990 tinham palavras que eram diferentes do que vemos hoje. 

Os traços ficaram lindos quase parecidos com a fase consagrada a partir de meados de 1984 a 1985, com personagens ainda com bochechas mais curvadas. É incorreta hoje em dia, nem tanto pelo tema do Chico se transformar em lobisomem, mas por aparecer homens atirando com espingarda, Chico dar chute violento em uma cachorra, envolver namoro de crianças, padre com grosseria e a palavra "gozado" também é proibida atualmente nos gibis.

Propaganda inserida na história, muito comum na época, dessa vez foi do achocolatado "Toddy" só na primeira página. Na capa da edição da Editora Abril, logotipo cortado pelo selo de pontos da promoção da "Cartela Milionária" da editora, um terror depois de ter capa do gibi cortada por quem participava da promoção na época. Essa história foi republicada depois em 'Almanaque do Chico Bento Nº 15' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Almanaque do Chico Bento Nº 15' (Ed. Globo, 1991)